22/08/2013

Desequilíbrio

Oferta de vagas nos EUA para estudantes estrangeiros cresceu mais que demanda

Relatório do Council of Graduate Schools publicado hoje também aponta que disponibilidade de vagas para brasileiros saltou 46% no período 2012-2013

O sistema de ensino superior dos Estados Unidos demonstra interesse contínuo por estudantes estrangeiros (o que não é novidade), mas há sinais recentes de que o sentimento não é mais recíproco. A inversão de tendência é objeto de reportagem do Chronicle of Higher Education, que analisa um relatório divulgado nesta quinta-feira (22) pelo Council of Graduate Schools.
 
 
O documento afirma que a oferta de vagas para candidatos estrangeiros cresceu 9% entre 2012 e 2013, o quarto ano consecutivo de avanço. Mas as solicitações internacionais de matrícula cresceram 2%, ritmo muito inferior ao registrado nos anos anteriores. Essa desaceleração é atribuída, em grande medida, a um declínio de 3% dos requerimentos de ingresso originários da China, país que envia o maior número de estudantes de graduação e pós para os Estados Unidos.
 
A tendência já havia sido detectada pelo conselho em um relatório divulgado em abril. Os números publicados hoje são resultado da consulta a 290 instituições de ensino superior, realizada entre junho e julho.
 
Debra Stewart, presidente do conselho, ressalva que houve um "surpreendente explosão de interesse" da Índia, que envia o segundo maior contingente de estudantes aos EUA: os requerimentos de matrícula cresceram 22%, ainda assim abaixo do ritmo de expansão das ofertas de vaga (27%). Em 2012, as solicitações haviam crescido 3%, enquanto a oferta havia permanecido estagnada. "O verdadeiro motor aqui é a Índia", afirmou Debra ao Chronicle, ponderando ao mesmo tempo que o mercado indicano de ensino superior "sempre foi volátil".
 
Ofertas de admissão também cresceram para estudantes do Oriente Médio e do Brasil, registra o texto do Chronicle: 12% e 46%, respectivamente. Jeff Allum, diretor de pesquisa e análise de políticas do conselho, atribui esse desempenho a programas de bolsa de estudos (no caso brasileiro, o Ciência sem Fronteiras).
 
Ofertas para estudantes da Coreia do Sul (o 3º maior contribuinte para a comunidade de alunos estrangeiros nos EUA) continuam em tendência de queda, com redução de 10% neste ano.
 
Pela primeira vez, o conselho inclui em seu relatório percepções de seus membros sobre motivos para essa mudança de tendência. Entre os que registraram as maiores quedas, as razões mais apontadas são a intensificação da competição com cursos online e com outras instituições estrangeiras, e insegurança dos estudantes em relação a apoio financeiro.
 
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