O sistema de ensino superior dos Estados Unidos demonstra interesse contínuo por estudantes estrangeiros (o que não é novidade), mas há sinais recentes de que o sentimento não é mais recíproco. A inversão de tendência é objeto de reportagem do Chronicle of Higher Education, que analisa um relatório divulgado nesta quinta-feira (22) pelo Council of Graduate Schools.
O documento afirma que a oferta de vagas para candidatos estrangeiros cresceu 9% entre 2012 e 2013, o quarto ano consecutivo de avanço. Mas as solicitações internacionais de matrícula cresceram 2%, ritmo muito inferior ao registrado nos anos anteriores. Essa desaceleração é atribuída, em grande medida, a um declínio de 3% dos requerimentos de ingresso originários da China, país que envia o maior número de estudantes de graduação e pós para os Estados Unidos.
A tendência já havia sido detectada pelo conselho em um relatório divulgado em abril. Os números publicados hoje são resultado da consulta a 290 instituições de ensino superior, realizada entre junho e julho.
Debra Stewart, presidente do conselho, ressalva que houve um "surpreendente explosão de interesse" da Índia, que envia o segundo maior contingente de estudantes aos EUA: os requerimentos de matrícula cresceram 22%, ainda assim abaixo do ritmo de expansão das ofertas de vaga (27%). Em 2012, as solicitações haviam crescido 3%, enquanto a oferta havia permanecido estagnada. "O verdadeiro motor aqui é a Índia", afirmou Debra ao Chronicle, ponderando ao mesmo tempo que o mercado indicano de ensino superior "sempre foi volátil".
Ofertas de admissão também cresceram para estudantes do Oriente Médio e do Brasil, registra o texto do Chronicle: 12% e 46%, respectivamente. Jeff Allum, diretor de pesquisa e análise de políticas do conselho, atribui esse desempenho a programas de bolsa de estudos (no caso brasileiro, o Ciência sem Fronteiras).
Ofertas para estudantes da Coreia do Sul (o 3º maior contribuinte para a comunidade de alunos estrangeiros nos EUA) continuam em tendência de queda, com redução de 10% neste ano.
Pela primeira vez, o conselho inclui em seu relatório percepções de seus membros sobre motivos para essa mudança de tendência. Entre os que registraram as maiores quedas, as razões mais apontadas são a intensificação da competição com cursos online e com outras instituições estrangeiras, e insegurança dos estudantes em relação a apoio financeiro.
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