24/05/2012

Publicação

UCSF adota política de publicação gratuita online de trabalhos acadêmicos

Professores poderão pedir exclusão de artigos dessa política; universidade negociará com editoras

Estudantes na biblioteca da UCSF

A Universidade da Califórnia em São Francisco é a maior instituição científica dos EUA a adotar uma política universal de livre acesso, e uma das primeiras universidades públicas a fazê-lo O Senado Acadêmico da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) aprovou, por unanimidade, uma resolução pela qual todos os artigos científicos produzidos por seu corpo docente terão de ser publicados numa base online de acesso gratuito. Professores poderão pedir para que alguns trabalhos específicos sejam excluídos do sistema, mas a decisão do Senado torna a inclusão automática e a exclusão, burocrática. A UCSF é a maior instituição científica dos EUA a adotar uma política universal de livre acesso, e uma das primeiras universidades públicas a fazê-lo.

“Para auxiliar a Universidade na disseminação de artigos acadêmicos, cada membro do corpo docente fornecerá uma cópia eletrônica da versão final de seu artigo á Universidade da Califórnia na data da publicação”, diz a resolução adotada. “A Universidade da Califórnia tornará o artigo disponível numa base de acesso livre.”

Professores poderão pedir para que trabalhos específicos sejam excluídos do sistema, mas a decisão do Senado torna a inclusão automática e a exclusão, burocrática Nota distribuída pela UCSF explica que o sistema adotado – de inclusão automática de todos os professores, com a opção de exclusão a pedido – foi escolhido porque “a experiência mostra que a simples exortação tem pouco efeito”, e para facilitar as eventuais negociações com editoras que se ressintam da publicação gratuita de artigos submetidos a suas revistas.

Havendo uma política coletiva, prossegue a nota, representantes oficiais da universidade poderão interceder junto aos editores para superar os obstáculos que venham a ser criados.

“Se existe um recado para os editores”, diz o texto da UCSF, “é que esperamos que continuem a explorar opções para um acesso livre mais sustentável (...) para que políticas assim sejam desnecessárias”.

A medida vem um mês depois de a Universidade Harvard, em carta a seu corpo docente, ter afirmado que o preço dos periódicos acadêmicos tornou-se “insustentável” e pedido que os professores procurem, sempre que possível, publicar em veículos de acesso gratuito.

Abertura automática ao público foi adotada porque
"a experiência mostra que
a simples exortação tem
pouco efeito"
A preocupação com os custos do acesso à produção científica global vem crescendo. Quase 12.000 pesquisadores de todo o mundo já assinaram um manifesto online de repúdio à editora holandesa Elsevier, uma das gigantes do ramo da publicação acadêmica, por conta dos altos preços praticados em sua política de assinaturas.

Em parte como reação ao boicote, a Elsevier retirou, no início do ano, seu apoio a um projeto de lei que tramitava no Congresso americano e que, se aprovado, impediria o governo de exigir a publicação de pesquisas financiadas com verba pública em esquemas de livre acesso.

A companhia também já havia anunciado que reduziria o preço de suas revistas sobre matemática, e que pretende liberar o acesso gratuito a artigos de matemática, publicados em 14 de suas revistas, que tenham saído há mais de quatro anos. Com isso, o livre acesso estende-se até o início dos arquivos digitais da companhia, que vêm desde 1995.

“Todos os artigos, atuais e futuros, apresentados nesses periódicos serão gratuitos para leitura, tanto para assinantes quanto para não assinantes”, diz nota da Elsevier. Um dos principais articuladores do boicote às publicações da empresa é um matemático, o britânico Timothy Gowers.