13/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

Sustentabilidade e acessibilidade: existe uma solução mágica?

Ellen Hazelkorn
Assessora política para administração do ensino superior (Irlanda) e diretora da Unidade de Pesquisas em Politicas do Ensino Superior, Dublin Institute of Technology. E-mail: ellen.hazelkorn@dit.ie
A transformação no cenário do ensino superior em todo mundo tem sido nada menos que dramática. A base destes desenvolvimentos tem sido o extraordinário crescimento da demanda do o ensino superior. Quando o primeiro número do International Higher Education foi publicado, havia aproximadamente 68 milhões de estudantes do ensino superior matriculados em todo mundo. Hoje, existem 196 milhões de estudantes com estimativas de quase 430 milhões até meados de 2030. Ao longo do mesmo período, o índice de matriculas nos países da (OECD) sigla em inglês para Organization for Economic Cooperation and Development / Organização para a cooperação econômica e desenvolvimento cresceu em 10 pontos em média, com alguns países (notavelmente a Dinamarca, Finlândia, Grécia e Islândia) matriculando mais de 40 por cento. Na medida em que a restruturação do mercado de trabalho global continua a avançar, as pessoas passarão mais tempo em educação. Tudo isso ilustra que estamos nos movendo rapidamente para nos tornarmos sociedades altamente participativas, em que a vasta maioria da população é educada em níveis avançados, em razão do significado da realização pessoal e social.   
 
Mesmo assim, ironicamente, no momento em que nossas sociedades estão cada vez mais dependentes em cidadãos com uma formação acadêmica, os custos associados com o fato de sermos atores ativos na economia global também estão crescendo. Enquanto alguns países podem expandir ou pelo menos manter seus gastos, outros estão sobre grave pressão do débito público e privado e a crítica pública da elevada tributação e serviços públicos caros. Isso leva a situações em que os gastos por estudante não acompanham a expansão da demanda. Em geral, o OECD (em 2013) afirma que a divisão do custo total coberto pelos recursos públicos para o ensino superior diminuiu de 77 por cento em 1995 para 68 por cento em 2013. 
 
Nada do que eu disse aqui será novo para este público. Contudo, fornecer ensino superior universal de elevada qualidade em épocas de diminuição dos recursos públicos e escalada da competitividade global é o desafio mais importante com o qual nos depararemos nas próximas duas décadas. 
 
O uso dos rankings globais para nos guiar inevitavelmente levará ao aumento da desigualdade. As principais 100 universidades representam menos de 0,5 por cento do total atual de quase 18,000 instituições de ensino superior. Esta situação constitui aproximadamente 0.4 por cento do total de estudantes do ensino superior em todo mundo. Na medida em que a demanda cresce, a seletividade acelera. Tal acontece porque enquanto grande parte do número de estudantes está aumentando, os números de estudantes entre as 100 principais encontra-se relativamente estável. Assim, a cada ano, os principais rankings representam o percentual total de diminuição do número total de estudantes.
 
Alguns países tem buscado equilibrar tais demandas, buscando aumentar a qualidade através da concentração de recursos, em algumas “universidades de classe mundial,” na expectativa de que os benefícios cheguem aos outros. A minoria dos países, como a Finlândia, tem buscado uma estratégia de “ sistema de classe mundial,” difundindo os benefícios de excelência de forma equitativa por todo seu vasto território, e ao mesmo tempo estando presente no ranking entre um dos principais países em desempenho no mundo.
 
Qual o equilíbrio adequado entre educar a maioria de nossos cidadãos, para serem inteligentes, criativos, e indivíduos empreendedores e ao mesmo tempo assegurar a habilidade da nação de competir na ciência mundial? Chegamos ao final do modelo atual do ensino superior de massa? Em qualquer divisão de custos, estamos realmente falando sobre divisão de dívida?
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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