27/05/2015

International Higher Education | 79

Ranking acadêmico das universidades de padrão mundial: mudanças?

Ying Cheng
Diretor executivo do Center for World-Class Universities / Centro para Universidades de Padrão Internacional e professor associado na Pós Graduação em Educação, Shanghai Jiao Tong University, Shanghai, China. E-mail: ycheng@sjtu.edu.cn
A fim de encontrar a lacuna entre as melhores universidades chinesas e as universidades de padrão mundial, uma equipe liderada pelo professor Nian Cai Liu no Center for World-Class Universities (CWCU) de Shanghai Jiao Tong University iniciou um projeto no benchmarking das melhores universidades chinesas com as universidades de pesquisa dos EUA, que eventualmente evoluiu para o Academic Ranking of World Universities (ARWU) sigla em inglês para Ranking Acadêmico de Universidades Mundiais — publicado pela primeira vez em Junho de 2003 e atualizado anualmente. O ARWU se distingue de outros rankings globais, pois usa apenas indicadores objetivos. Sua metodologia se manteve inalterada desde 2004, portanto apenas progresso substancial em excelência acadêmica pode ajudar as universidades a escalar a lista do ARWU. Em 2014, o CWCU publicou a 12ª edição.
 
Os 12 anos de esforços fornece oportunidade única de se observar as mudanças de desempenho das universidades e dos países ao longo da última década.
 
Número de países que sediam as principais 500 universidades
O número de países representados no ranking das 500 principais do ARWU de 2004 foi de 35. Em meados de 2014, este número aumentou para 42. Quatro de sete países emergentes são do Oriente Médio—incluindo a Arábia Saudita, Iran, Turquia e Egito. As universidades sauditas começaram a ingressar no ARWU em 2009, e agora este principal país do Mundo Árabe tem quatro universidades classificadas entre as principais 500 e duas delas até mesmo entre as principais 200. A Universidade de Teerã no Irã ingressou nas principais 500 em 2009, posteriormente atingindo uma posição entre as principais 400 dois anos depois. A Universidade de Istambul na Turquia e a Universidade do Cairo no Egito entraram e saíram da lista do ARWU desde 2004; e em 2014 ambas foram classificadas nos rankings 401-500. Os outros três países que se tornaram países anfitriões das principais 500 universidades são Eslovénia, Malásia e Sérvia; suas universidades estiveram visíveis no ARWU desde 2007, principalmente em 2011 e 2012.   
 
Embora seja difícil explicar a expansão dos países que sediam as principais 500 universidades, atualmente muitos países no mundo estão empenhados em fazer com que uma ou várias de suas universidades apareçam nas listas dos rankings globais.
 
A ascensão das universidades chinesas
O ARWU foi iniciado no contexto dos esforços da China de construir universidades de padrão internacional. Desta feita, não é surpreendente que as universidades chinesas, com forte apoio financeiro do governo central da China, tenham atingido progressos notáveis no ARWU. O número de universidades na China Continental entre as principais 500 aumentou de 8 em 2004 para 32 em 2014. Além disso, a Universidade de Tsinghua, Universidade de Pequim, e outras quarto universidades da China Continental estão agora listadas entre as principais 200, embora em 2004 estas duas universidades estivessem em uma faixa entre as 201-300 e as outras quatro depois das principais 300. O governo de Taiwan lançou um projeto similar para universidades de padrão internacional (denominado de “Plano de Cinquenta Bilhões de Cinco Anos”) em 2005 e seu número de universidades entre as 500 principais aumentou para 7 em 2014 de 3 em 2004. Como resultado, o número total das principais 500 universidades do ARWU oriundas da China Continental, Hong Kong e Taiwan chega a 44, perdendo apenas para os Estados Unidos. Contudo, nenhuma das universidades chinesas já esteve no ranking entre as principais 100 do mundo.
 
A preponderância dos estados unidos e japão entrou em declínio
O ranking de universidade tem sido criticado por muitas razões, uma delas é que a classificação é um jogo de soma zero, devido o fato das principais posições serem fixadas e o surgimento de uma nova face faz-se à custa do desaparecimento de uma antiga. Quando cada vez mais universidades da China, Oriente Médio e países da Europa Oriental entraram no ARWU, os Estados Unidos perderam 14 por cento (24 em número) de suas principais entre as 500 universidades ao longo de 2004–2014, porém seus números entre as principais 100 universidades permaneceram quase inalterados. O Japão poderá ser o país com a maior regressão no ARWU entre 2004 e 2014. As universidades do Japão ocuparam a 5ª posição entre as 100 principais do ARWU e 36 posições entre as principais 500 em 2004, porém em 2014 havia apenas 3 entre as principais 100 e 19 entre as principais 500. Tal resultado se tornaria mais difícil de compreender ao considerarmos o fato de que o Japão também introduziu programas para apoiar suas universidades de pesquisas — como o “Programa COE do Século 21” e “Projeto Global 30” naquele período.
 
Mudanças das universidades de padrão internacional
Definimos aquelas universidades classificadas entre as principais 100 do mundo como Universidades de Padrão Internacional. De acordo com esta definição, havia 13 novas universidades em obtenção do título de padrão internacional em 2014. Suíça, Holanda, Bélgica, e Austrália todos obtiveram mais duas universidades de padrão internacional em 2014 além do que tiveram em 2004. Por outro lado, tanto a Itália como a Áustria perdeu a posição do país entre as 100 principais universidades no mesmo período. A universidade de Sapienza de Roma saiu do ranking entre as 100 principais em 2007. A Universidade de Viena saiu do ranking entre as 100 principais em 2006, depois de seu departamento de Medicina ter se tornado uma universidade independente. Entre aquelas que já haviam estado entre as 100 principais, a Universidade de Manchester no Reino Unido fez progresso significativo ao longo da última década, movendo-se da posição 78 para 53 em 2005— como resultado da fusão entre o Instituto de Ciências e Tecnologia da Universidade de Manchester — e posteriormente para posição 41 em 2014. A Universidade de Melbourne, na Austrália, de maneira constante melhorou sua posição de 83 para 44 ao longo do período entre 2004–2014.
 
Reflexão
Poucas pessoas discordariam de que uma posição no topo do ranking por si só não deveria ser o principal objetivo de quaisquer universidades ou países. Contudo, com a confiança no papel das universidades de padrão internacional para seus países e a enorme influência dos rankings globais, não é raro ouvir líderes nacionais explicitamente afirmarem que o país deveria ter certo número de universidades no topo do ranking até um período em particular. Em 2012, Vladimir Putin, o presidente da Rússia, anunciou que pelo menos 5 das universidades russas deverão chegar entre as 100 principais universidades do mundo até 2020. O Primeiro Ministro do Japão, Shinzo Abe declarou em 2013 que o objetivo do país era de ter 10 universidades entre as 100 principais do mundo. Embora a grande expectativa dos líderes nacionais geralmente levaria a um investimento adicional e concentrado em universidades selecionadas, e alguns resultados positivos poderem surgir; a obtenção de rankings superiores ou de mais universidades classificados do topo do ranking não deve ser incentivado até que tais rankings estejam baseados naquilo que uma universidade ou um país realmente deseja.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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