27/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

Qualidade: mais complicado do que nunca

Liz Reisberg
Consultora do ensino superior na Reisberg & Associates. E-mail: reisberg@gmail.com
Educação de qualidade costumava ser muito simples — selecione criteriosamente estudantes qualificados, forneça-lhes um conteúdo em uma área acadêmica, e conceda um diploma que reflita um nível aceitável de conhecimento e desempenho. As realidades em mutação distorceram o sentido e critérios da qualidade.
 
Os índices combinados de alunos matriculados têm aumentado quase em todos os lugares. Embora represente algo positivo para países desenvolvidos e em desenvolvimento, a expansão de matriculas inevitavelmente significa matricular estudantes com ampla e prévia preparação. Na maioria dos casos, as universidades se deparam diante de grandes lacunas de conhecimento e competências que impedem o sucesso acadêmico. Desta feira, as instituições devem alocar os recursos para aulas de reforço ou apoio adicional — com promessa limitada; pois as deficiências acumuladas ao longo de 12 anos não serão facilmente remediadas, levando a expectativas mais baixas de desempenho; ou simplesmente a aceitação de índices mais elevados de desistência. Seja lá o que for cada estratégia tem implicações na qualidade institucional. 
 
As pressões financeiras no ensino superior estão aumentando e no caso das instituições públicas com baixo custo ou gratuitas, a capacidade de matriculas é limitada. Isso tem levado à expansão de um setor privado que absorve a demanda, com o crescimento de um subsetor para fins lucrativos, e instituições privadas que dependem de taxas pagas pelos estudantes e suas famílias. No interesse de objetivos financeiros, a necessidade de encher as salas de aula para cobrir os custos ou (muitas vezes) para gerar receita de risco compromete a qualidade dos estudantes e da instrução.
 
Como os requisitos da qualidade internacional têm se tornado um fator importante no âmbito da percepção e comparação das instituições, muitas universidades pegam atalhos e remuneram a terceiros, no sentido de incrementar suas dimensões internacionais e produzir resultados mensuráveis rapidamente. Um grande índice de matriculas internacional também tem se tornado uma fonte importante de renda, e permitir que entidades terceiras tivessem um papel significativo na gestão institucional tem aberto a porta para atividades precárias e até mesmo antiéticas. 
 
O objetivo do ensino superior também tem se tornado mais confuso. Há uma expectativa crescente que uma educação universitária seja uma garantia de emprego no futuro e se qualquer individuo formado estiver desempregado, a formação superior recebida foi de qualidade inferior.
 
As universidades estão sendo impelidas a produzir mais pesquisas para melhorar seus posicionamentos nos rankings internacionais, ao mesmo tempo em que professores são forçados a demonstrar um impacto nos estudantes através de “resultados claramente definidos de aprendizagem.” A crescente pressão sobre o corpo docente coincide com poucas posições titulares ou seguras, mais professores de meio período, e infraestrutura limitada para auxiliar no desenvolvimento da capacidade de execução no que diz respeito a essas expectativas argumentadas. 
 
Assim, permanece a pergunta — qual é a qualidade esperada da universidade? Dever-se-ia esperar que todas as instituições matriculassem um corpo estudantil diversificado, que todos chegassem a um nível comparável de desempenho comprovável — e o corpo docente enquanto isso produzisse publicações indexadas internacionalmente e assegurassem os resultados da aprendizagem e emprego para todos os graduados, tudo isso com orçamentos menores? Como sempre, qualidade significa diferentes coisas para diferentes pessoas. As complexas realidades que circundam o ensino superior hoje demandam a construção de bases cada vez mais fortes para o alinhamento das medidas de qualidade com a missão institucional. Se as universidades forem produzir “qualidade, políticos, funcionários, e pais devem criticar menos e assumir parte da responsabilidade pelo financiamento, ou do contrario apoiar os meios necessários para que suas expectativas sejam atendidas”.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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