13/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

O desafio da eficácia do ensino

Andrés Bernasconi
Professor na Pontificia Universidad Católica de Chile. E-mail: abernasconi@uc.cl
Já por mais de um milênio, o ensino superior tem sido aquele em que sociedades e comunidades realmente fomentam o conhecimento e educam indivíduos no conhecimento avançado. Para estas principais funções outros têm sido inseridos ao longo do tempo, variando em suas definições e urgências — tais como os serviços da missão de uma igreja, treinamento de servidores públicos, cimentando uma identidade nacional, puxando o trem do desenvolvimento, realizando a inovação tecnológica, etc. Contudo, o ensino e a Descoberta têm permanecido como a essência da instituição com a qual comumente nos associamos, com a ideia da universidade e centros similares do aprendizado avançado.
 
Mesmo assim, com a reinvenção da universidade em tempos modernos, a pesquisa tem assumido precedência sobre a educação como uma característica decisiva de excelência e distinção neste campo. É verdade, que no modelo Humboldtiano do século 19, a educação deveria ser levada sobre os ombros do empreendimento cientifico. Mesmo assim, na era da massificação, tal interação virtuosa entre a atividade de pesquisa e o ambiente para o aprendizado acontece quase exclusivamente no âmbito de doutorado. 
 
Além disso, à medida que o desvio acadêmico cada vez mais se obscurece, a linha de definição baseada em pesquisa, separando-se as universidades das instituições de ensino superior não universitárias, faculdades, e universidades de ciências aplicadas (fachhochschulen) — assim como outras instituições que deveriam ter uma orientação exclusiva ou predominante em educação técnica e profissional — se afastam daquela identidade para abraçar uma missão de pesquisa, pelo menos em ambição. 
 
Na medida em que o prestígio institucional e a reputação pessoal da faculdade são fixados unicamente para as realizações de pesquisas. Uma associação reforçada hoje pelos rankings globais, a função de ensino permanece secundária em recompensas profissionais e institucionais, atenção da liderança, desenvolvimento de capacidades entre os profissionais, e aparentemente, em resultados também.  
 
Esta subordinação do ensino à pesquisa não é mais sustentável. Por um motivo, a vasta maioria das instituições do ensino superior ao redor do mundo não conduz nenhuma pesquisa. Para tais instituições, a única excelência possível é aquela do ensino e aprendizado. Por conseguinte, a minúscula proporção do corpo estudantil mundial, que frequenta as universidades de pesquisas mais renomadas em todo mundo, está em geral apta ao aprendizado e ao desenvolvimento intelectual. Apesar da vocação do ensino e esforços de seus programas de mestrado, em boa parte, um quadro de professores capazes é a diferença entre o abandono da graduação com o mínimo de conhecimento, e o domínio real da disciplina ou profissão que um diploma deve comprovar. Além disso, a paciência dos políticos com relação aos resultados alcançados pelas instituições do ensino superior parece estar em baixa, a julgar pela falta de confiança da politica pública nos últimos 30 anos da Inglaterra ao Japão ao México. De igual modo, esta frustação não advém de uma performance de pesquisa apagada, mas de resultados insuficientes e desconhecidos do ensino superior com relação ao desenvolvimento da mão de obra e produtividade.
 
Dias chegarão quando o ensino estará aberto ao o mesmo tipo de escrutínio preciso por pares e julgamento que a pesquisa. As avaliações serão complementadas com análise de peritos e feedbacks de gravações em vídeos de práticas de sala de aula, seminários ou laboratórios. Recompensa e reconhecimento serão concedidos àqueles que excederem na expansão de alcance das mentes de seus estudantes.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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