27/05/2015

International Higher Education | 79

Matrículas de estudantes internacionais: estratégias baseadas em evidências

Rahul Choudaha
Diretor de conhecimento, Diretor Sênior de Desenvolvimento Estratégico no World Education Services em Nova York wes.org/ras) e Estrategista em ensino superior internacional. Blog: DrEducation.com. E-mail: rahul@wes.org
O interesse em estudantes internacionais cresce constantemente em muitas instituições, por razões que variam desde os aspectos relacionados à reputação até as questões financeiras. Contudo, as estratégias que traduzem as intenções em ações são muitas vezes desprovidas de pesquisas e insights. Esta falta de análise exaustiva antes de planejar estratégias geralmente resulta em estratégias de captação não sustentáveis, caras e ineficientes.
 
Consideremos o caso dos Estados Unidos, que é o principal destino para os estudantes internacionais. Embora esses estudantes estejam concentrados em um pequeno número de instituições; apenas 200 de 4,500 das instituições universitárias americanas matriculam aproximadamente 70 por cento de todos os estudantes internacionais. 
 
Esta concentração demonstra que a maioria das instituições fora dessas 200 seria confrontada com grandes dificuldades para atrair estudantes internacionais. Ademais, a situação é acentuada por questões de limitações de recursos, desvantagens de localização e rankings. 
 
Apesar de difíceis, tais desafios não são insuperáveis. Muitas vezes as instituições subestimam a importância da pesquisa no sentido de facilitar a compreensão dos processos de tomada de decisões do estudante internacional na informação de suas estratégias. O importante é saber mais sobre os estudantes internacionais ao longo de seus processos de matriculas—quem são eles, como escolheram a instituição, e como são suas experiências.
 
A cada ano, surgem numerosas atualizações de várias fontes sobre as mudanças nos números de estudantes internacionais; contudo, pouco é discutido sobre os componentes específicos da mudança ou sobre de que maneira as necessidades, experiências e perfis estão em mutação. Bem mais importante, pouco enfoque tem sido dado sobre de que maneira tais mudanças podem ser aplicadas ao campus.
 
Algumas instituições cometem o erro de extrapolar as tendências regionais e nacionais, que poderão ou não ser aplicadas em seus campi. Em outros casos, a instituição permite evidências informais e pontos de vistas estereotipados sobre as necessidades e comportamentos do estudante internacional para impulsionar as estratégias. Finalmente, a estratégia às vezes é deixada para a “terceirização”, para um recrutador terceiro comissionado. 
 
Todas estas abordagens à formulação de estratégia não estão apenas propensas a serem desalinhadas com os pontos positivos, recursos e capacidades institucionais, mas também poderão resultar na captação de um corpo estudantil internacional ausente de diversidade e qualidade acadêmica que a instituição aspira. 
 
A pesquisa como uma ponte para vencer as lacunas
As instituições podem informar melhor suas estratégias se cada uma, de maneira intencional avaliar as necessidades, comportamentos e perfis dos estudantes internacionais em seus contextos únicos. Embora existam dados nacionais disponíveis sobre a captação de estudantes, pouca pesquisa disponível tem sido conduzida no que tange a aplicação nos contextos dos campi.  
 
Por exemplo, se por um lado o número de estudantes internacionais de graduação nos Estados Unidos aumentou entre 2008/2009 a 2012/2013, apresentando desafios e complexidades para os profissionais de gestão de captação, a pesquisa não tem acompanhado este crescimento. Em uma busca da palavra chave “internacional” no Journal of College Student Retention: Research, Theory and Practice / Periódico de Retenção do Estudante Universitário: Pesquisa, Teoria e Prática, em publicação ao longo dos últimos 15 anos, apenas quarto artigos são encontrados.
 
Em um relatório de pesquisa recente — Bridging the Gap / A Ponte Entre as Lacunas: Recruitment and Retention to Improve Student Experiences / Recrutramento e Retenção para Melhorar as Experiências dos Estudantes — Produzido pelo World Educational Services / Serviços de Educação Internacional e lançado pelo NAFSA teve como objetivo enfocar esta necessidade. O relatório investigou com base em evidências uma questão cada vez mais importante, porém complexa para os profissionais. (nafsa.org/retentionresearch).
 
O relatório também ilustrou a lacuna entre os estudantes e as instituições. Por exemplo, de acordo o mesmo, os profissionais de ensino internacional relataram dificuldades acadêmicas e habilidades inadequadas no que tange ao conhecimento da língua inglesa como a terceira e quarta razões mais importantes que levam os estudantes a deixar as instituições, porém as mesmas não estiveram entre as principais cinco razões para os estudantes.
 
De igual modo, um próximo relatório do World Education Services, Bridge the Digital Divide / Ponte para Divisão Digital: Segmentação e Recrutamento de Estudantes Internacionais, demonstra uma desconexão similar. Com base na estrutura de segmentação dos diferentes tipos de estudantes internacionais, o relatório analisa a tendência por tecnologia de aproximadamente 5,000 estudantes internacionais com idades entre 17 e 36 anos e as características psicográficas que fundamentalmente influenciam seus comportamentos de busca por informação. 
 
O relatório demonstra que as universidades podem estar subutilizando tecnologia, entre outros de seus mais importantes recursos no recrutamento de estudantes interncionais. Por exemplo, mais de dois quintos dos entrevistados (42%) declararam por exemple, que uma das redes da universidade (membros da comunidade) — incluindo faculdade, funcionários de admissão, estudantes atuais e ex-alunos tiveram a maior influência em suas decisões de escolha. Em contraste, apenas 11 por cento dos respondentes indicaram que os “consultores educacionais” tiveram um impacto.
 
Outro desafio se deve a dados nacionais limitados sobre estudantes internacionais. Os dados disponíveis não estão apenas desatualizados, mas também afetados por questões de definições, o que torna difícil estabelecer previsões para os novos países de origem nos próximos três a cinco anos. Isso é especialmente negativo, pois demora vários anos para construir e desenvolver relacionamentos no sentido recrutar estudantes internacionais de novos países de origem.
 
Em meu artigo anterior no IHE, Como se Preparar para os Mercados Emergentes, argumento que invés de intencionalmente examinar novos países de origem para nos engajarmos nos próximos anos, as instituições estão reagindo à demanda estudantil de curto prazo e perdendo a oportunidade de cultivar as melhores e mais adequadas oportunidades (http://bit.ly/EmergingRecruit).
 
Conclusão
Expandir as populações estudantis internacionais nas universidades e ao mesmo tempo manter as metas de custos, qualidade e diversidade é um problema complexo de otimização que requer avaliação dos objetivos institucionais, prioridades e capacidades; avaliação das necessidades dos estudantes, perfis e experiências; e finalmente, o mapeamento das necessidades institucionais e individuais através de uma estratégia abrangente.
 
Em um ambiente de pós-recessão, um número crescente de instituições do ensino superior está interessado em atrair a próxima onda de estudantes internacionais. Contudo, as instituições devem reconhecer a complexidade e volatilidade dos processos de decisão dos estudantes internacionais, devendo investir no desenvolvimento de estratégias de captação movidas por evidências. As estratégias de captação de estudantes internacionais de soluções rápidas não são informadas nem sustentáveis. Em resumo, é importante diminuir o “zoom” também, para que sejam vistas a aplicabilidade e relevância destas tendências em nível institucional.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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