13/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

Massificação e a economia global do conhecimento: a constante contradição

Philip G. Altbach
Professor pesquisador e diretor do Centro para o Ensino Superior Internacional no Boston College. E-mail: altbach@bc.edu
Dois dos desafios da metade do século passado continuarão entre os principais impulsionadores das realidades do ensino superior internacional, pelas próximas décadas — fornecendo maior acesso ao ensino superior e mantendo centros de pesquisas que contribuirão e disseminarão o conhecimento essencial para as sociedades modernas. Estas duas forças principais são contraditórias e puxam a academia em sentidos opostos.
 
As matriculas globais agora estão em mais de 150 milhões, tendo dobrado em apenas algumas décadas, e é provável que outros 100 milhões sejam adicionados até 2020. Uma parte significativa desse crescimento acontecerá em apenas dois países — China e Índia. Fornecer educação pós-secundária para grandes segmentos da população não é apenas necessário, à medida em que economias cada vez mais sofisticadas exigem níveis de treinamento mais elevados, porém chaves para mobilidade social e condições mais interessantes de trabalho. 
 
A massificação tem colocado grandes pressões nas finanças do governo e levado a um rápido crescimento do setor do ensino superior privado. A falta de pessoal acadêmico qualificado e instituições mais novas com recursos insuficientes muitas vezes acompanha esta rápida expansão; como consequência,   a qualidade geral tem entrado em declínio dramaticamente em muitos países. Mesmo assim, muitos milhões têm agora obtido qualificações acadêmicas e em geral alcançado melhor qualidade de vida como resultado.
 
Ao mesmo tempo, a economia global do conhecimento requer um ensino superior mais sofisticado e de alta qualidade para instruir graduados capazes de participar na economia globalizada do século 21. As universidades devem apoiar a pesquisa na busca de novos projetos científicos, bem como servir de repositórios de conhecimentos em todas as disciplinas. As universidades de pesquisas, os motores da economia global do conhecimento, são instituições complexas, e os focos das redes internacionais. Embora poderosas, são instituições frágeis que precisam de autonomia, governança compartilhada e liberdade acadêmica. Estas universidades são caras e complexas. Elas são, com algumas exceções, instituições públicas que requerem suporte não qualificado do estado; são universidades de qualificação mundial que dominam os rankings. Mesmo assim, são muitas vezes de difícil compreensão para os governos essas universidades caras, porém necessárias.
 
Há uma aparente dicotomia entre a necessidade de fornecer educação pós-secundária para grandes números de estudantes e, ao mesmo tempo, apoiar universidades de elite de pesquisas. Mesmo assim, ambas são partes necessárias de um sistema acadêmico diferenciado, e têm funções importantes na economia global do conhecimento — aquela de atender as necessidades cada vez mais sofisticadas da economia, bem como o conhecimento geral para funcionar como cidadãos eficientes, e a outra de educar os estudantes mais capazes, de fornecer tanto a pesquisa básica como a aplicada. Ambas são absolutamente essenciais para uma economia nacional bem sucedida.
 
Apoiar estes dois principais objetivos para as próximas décadas é uma necessidade. Mesmo assim, existem sinais em muitos países, que apoia a “absorção da demanda de massa, “deposita encargos demasiadamente pesados sobre os governos.” Também, um setor privado em crescimento, geralmente para fins lucrativos, tende a preencher a lacuna, muitas vezes fornecendo educação de baixa qualidade”. Ao mesmo tempo, universidades de pesquisa amplamente públicas e caras passam por alarmantes cortes de orçamentos. O principal desafio é assegurar que os principais aspectos do ensino superior sejam adequadamente apoiados.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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