27/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

Ensino superior chinês: desafios futuros

Gerard A. Postiglione
Professor catedrático e reitor associado, Faculdade de Educação, University of Hong Kong. E-mail: gerry.hku@gmail.com
Até 2020, a principal pergunta é: a China será uma potência fracionada ou a maior potência no ensino superior internacional, com um modelo único e exportável de universidade? Vários títulos contemporâneos de livros indicam que este questionamento vale a pena: Quando a China governar o mundo; o Pós Mundo Americano e a Ascensão do Resto; A China dominará o século 21?
 
Enquanto a China caminha para se tornar a maior economia do mundo, há indicações de uma desaceleração económica e preocupações sobre de que maneira o ensino superior será afetado. A China já tem a maioria dos estudantes no ensino superior, mais publicações cientificas, e um orçamento maior para pesquisa e desenvolvimento que qualquer outro país no mundo, exceto os Estados Unidos. Várias faculdades públicas e proeminentes chegaram aos rankings de classe mundial, embora o sistema como um todo apresente indicadores insuficientes de qualidade. Vale a pena dizer que isso é um bom presságio do futuro do ensino superior chinês, no qual seus estudantes mais promissores em sua maior cidade superam seus parceiros em matemática e ciências na avaliação de 60 países da Organization for Economic Cooperation and Development / Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento.
 
Enquanto o debate continua na China sobre como construir um modelo único de universidade para cumprimentar o Consenso de Pequim, esforços para moldar as universidades com ideias endógenas são entravados pela corrida dos rankings globais. Enquanto isso, as universidades lutam com um ensino pouco inspirador que é refletido nos relatos dos meios de comunicação de que seus estudantes dormem durante as aulas. Pesquisa recente mostra que muitos professores animam suas aulas através da crítica ao governo e ao partido comunista, o que conduz à chamada para mais ensinamentos do marxismo. Os líderes da China também compreendem que suas universidades não são apenas instrumentos da criação do conhecimento e disseminação, mas de igual modo instrumentos da concorrência internacional. Iniciativas estão em andamento para fomentar as habilidades sociais nos campos das ciências, tecnologia, engenharia e matemática no sentido de impulsionar a inovação industrial e a globalização econômica da China. Apesar de tais esforços, a transição para o ensino superior de massa é minada por uma crescente leva de graduados desempregados.
 
A influência global das Universidades da China em 2025 dependerá em como o país lida com um equilíbrio precário entre as demandas domésticas e as aspirações de tornar-se global. As demandas globais incluem aquelas dos empregadores por conhecimento e habilidades para melhorar a produção, das famílias urbanas e de classe média, devido à cultura de status que diferenciou seus filhos, e dos migrantes pobres da zona rural e minorias por acesso igualitário e oportunidades de trabalho. Tais demandas permanecem subsidiárias das demandas do estado de prosperidade nacional, poder e força, estabilidade e unidade. O estado orquestra as aspirações das universidades de se tornarem globais, exigindo que a internacionalização não sacrifique a soberania educacional, mesmo que para isso tenha que eventualmente ceder mais autonomia para as universidades.
 
Em meados de 2020, mais cidadãos chineses terão uma formação acadêmica que toda a força de trabalho dos Estados Unidos. Embora envie mais estudantes para os Estados Unidos que para qualquer outro país, a China em si, torna-se rapidamente um dos destinos internacionais mais populares para programas de estudos no exterior. Vogel de Harvard pode estar certo quanto ao resultado da abertura e reforma da China do ensino superior ter sido uma vitalidade intelectual tão ampla e profunda como o Renascimento Ocidental. Mas até que ponto a China terá um modelo único e exportável que influencie o ensino superior internacional em 2020 é a pergunta que permanece.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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