13/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

Do soft power à diplomacia do conhecimento

Jane Knight
Professora adjunta no Instituto para Estudos em Educação de Ontário na University of Toronto, Canadá. E-mail: janeknight@utoronto.ca
O ensino superior internacional, em seu papel como um ator politico, está fortemente atraído ao conceito de poder brando (soft power). Desenvolvido por Joseph Nye cerca de uma década atrás, o poder brando é popularmente compreendido como a habilidade de influenciar outros e obter interesses próprios nacionais através da atração e persuasão e não pela coerção, força militar, ou sanções econômicas — comumente conhecido como poder duro. 
 
Muitos acadêmicos exaltam o poder brando como uma premissa fundamental para o engajamento da educação internacional dos dias de hoje. Entre os exemplos mais conhecidos de poder brando no ensino superior está o Programa Fulbright, atividades do British Council, iniciativas de intercâmbio acadêmico alemão, projetos Erasmus Mundus, e outros. Claramente, estes são programas eficientes que dão grandes contribuições.
 
Mas por qual motivo os denominamos de instrumentos do “poder brando,” quando no fundo promovem o intercâmbio de estudantes, docentes, cultura, ciência, conhecimento e competência. Sim, existem interesses próprios em jogo, mas há uma mutualidade de interesses e benefícios envolvidos para todos os parceiros. O ensino superior internacional não é tradicionalmente visto como um jogo de vencedores e perdedores — ele enfoca o intercâmbio e constrói sobre os respectivos pontos fortes de países e instituições. De modo importante, reconhece que os benefícios serão diferentes entre parceiros e países.
 
Em nosso mundo extremamente interdependente, o ensino superior facilita o fluxo transfronteiriço e o intercâmbio de pessoas, conhecimento, valores, inovação, economia, tecnologia e cultura. Mas, porque está estruturado em um “paradigma de poder” como o poder brando? Os valores do interesse próprio, competição, ou domínio, de modo eficiente enfocarão questões em todo o mundo como epidemias, terrorismo, estados enfraquecidos, os bilhões abaixo da linha da pobreza e mudanças climáticas? A resposta é não. Isso está baseado na realidade de que as soluções para os desafios em todo o mundo não podem ser alcançadas por um único país. 
 
Uma alternativa para o paradigma do poder é a estrutura da diplomacia. A diplomacia, interpretada como a gestão das relações internacionais, enfoca a negociação, mediação, colaboração, compromisso e facilitação. Estas são táticas e conceitos diferenciados daqueles anexados ao domínio do poder, autoridade, comando e controle. A diplomacia do conhecimento é mais adequada para estruturar o papel do ensino superior nas relações internacionais que o paradigma do poder brando?
 
O conhecimento é a pedra angular do mundo interconectado de hoje. A evolução das novas tecnologias da informação e comunicação de cyberspace, dos grandes volumes de dados de infospace, e do processamento de conhecimento de knowspace apresentam novas oportunidades e complexidades para o ensino superior internacional. Mas não se pode, contudo, negar que o conhecimento pode levar a desequilíbrios de poder dentro e entre países. Tal realidade é exacerbada quando o ensino superior e o conhecimento são vistos como ferramentas do poder brando. A alternativa do uso da colaboração e estratégias de meditação da diplomacia requer sérias considerações.
 
O ensino superior internacional tem a oportunidade de mover-se além de sua preocupação, com a economia do conhecimento, e assume um papel proativo para assegurar que o conhecimento seja usado de maneira eficaz e no sentido de enfocar desafios mundiais e desigualdades, reconhecendo a mutualidade de interesses e benefícios. O ensino superior está pronto para assumir o comando na promoção da noção da diplomacia do conhecimento, sem ficar preso na estrutura de poder brando do interesse próprio e domínio?
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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