13/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

As próximas duas décadas do ensino superior: a perspectiva de um país em desenvolvimento

Pawan Agarwal
Secretário adjunto, ministro de Desenvolvimento de Competências & empreendedorismo, e ex-consultor (Ensino Superior) da Comissão de Planejamento, Governo da Índia. E-mail: pagarwal.dsde@gmail.com
O ensino superior em países em desenvolvimento experimentou grandes mudanças ao longo das últimas duas décadas e as próximas duas seriam verdadeiramente transformadoras. Mudanças são previstas em todos os quatro níveis: dentro das salas de aulas, nas instituições do ensino superior, nos estados-nações e em nível global. 
 
As salas de aulas para o futuro estariam baseadas em um novo paradigma de aprendizado. O enfoque mudará do conteúdo para pedagogia com a tecnologia e análise de aprendizado representando um papel fundamental. O impacto da tecnologia na instrução de sala de aula tem até agora sido marginal, mas será profundo nas próximas duas décadas. Mesmo com classes numerosas, a instrução será customizada às necessidades individuais e preferências. Os estudantes estarão cada vez mais engajados com o aprendizado interativo e experimental, aprendendo deles próprios, de seus pares e de seus ambientes imediatos — assim como aprenderiam de seus professores.
 
Em termos de instituições, haveria um número maior de intervenientes. O poder de monopólio das universidades na criação de conhecimento e disseminação seria significativamente diluído à medida que um conjunto diversificado de atores de instituições de ensino superior não universitário surgirem no horizonte. Além disso, a distinção entre as entidades para fins lucrativos e gratuitos se tornaria difusa. Haverá uma dissociação de funções das universidades, com um enfoque nas principais funções de ensino e pesquisa. Para a maioria das universidades, a mudança de uma atmosfera colegial para uma gerencial é inevitável.
 
Os sistemas do ensino superior estão em diferentes estágios de desenvolvimento em vários países. Se por um as nações mais avançadas amadureceram e desenvolveram sistemas de maneira plena com o acesso universal à universidade, as nações em desenvolvimento conheceram uma expansão drástica, primariamente impulsionada pelo setor privado, nas últimas duas décadas. As próximas duas décadas estariam focadas na consolidação e melhoria da qualidade em vez de expansão. Com o aumento das pressões de custos, haveria uma convergência de politicas nacionais para transferir os custos do ensino superior para os estudantes e pais. Plataformas online e aprendizagem levarão à democratização do conhecimento e permitirão um acesso quase universal ao ensino superior, mesmo nas áreas mais remotas e aos sectores mais desfavorecidos. Embora os diferenciais efetivos de qualidade fossem bem menores, haveria uma concorrência mais intensa pelas as instituições mais importantes, em especial no que tange à reputação e percepção. 
 
O ensino superior seria bem mais global em sua amplitude e âmbito que atualmente, porém com alguma diferença. Atualmente, os vencedores reconhecidos são aqueles países capazes de atrair um grande número de estudantes às suas universidades locais ou de estabelecer campus de extensão internacional. Contudo, será reconhecido que este não é um jogo de soma zero, mas todos os países, mesmo aqueles que têm estudantes internacionais do ensino superior, tendem a se beneficiar através do acesso a uma educação de alta qualidade. 
 
Com o aprofundamento das condições econômicas globais e culturais e o aumento das tecnologias digitais, o networking global e o processo de aprendizagem participativo emergirão com a educação transnacional representando um papel importante. A tendência atual da mobilidade transfronteiriça de estudantes de carga horária integral seria substituída em parte por estudos no exterior através do intercâmbio de semestres, etc.
 
Em geral, tais desenvolvimentos teriam consequências positivas para o ensino superior, mas algumas implicações negativas não podem ser excluídas. As próximas duas décadas lançariam as bases, sobre as quais o ensino superior evoluiria no mundo em desenvolvimento durante as muitas décadas futuras.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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