13/07/2015

International Higher Education | 80 | Especial 20 anos

A equidade permanece como o desafio mais importante do ensino superior global

Roberta Malee Bassett
Especialista em educação sênior, no Banco Mundial. E-mail: rbassett@worldbank.org
A intersecção da tecnologia e o ensino superior tem direcionado as manchetes quanto ao “futuro” do ensino superior ao longo de uma grande parte das duas últimas décadas. Por certo, desde a revolução industrial, a cultura popular tem sempre equiparado a tecnologia com o futuro. Contudo a educação — dada a todas as suas adaptações ao mundo à sua volta — é um esforço humano, e apoiar e promover o “material humano” do ensino superior permanecerá o principal desafio para os responsáveis do ensino superior no futuro. 
 
O que é o material humano do ensino superior?: Responsáveis incluindo ex-estudantes, atuais e futuros; funcionários, famílias, corpo acadêmico e administrativo; formuladores de politicas? Na verdade, o ensino superior alcança a vida de cada pessoa na terra — através da pesquisa, tecnologia, treinamento de professores e outros. Porém a habilidade de contribuir diretamente e se beneficiar do ensino superior permanece grandemente limitada à elite global. O acesso equitativo a todos os benefícios do ensino superior permanecerão, portanto como o único e mais importante desafio para o futuro próximo.
 
Apoiar a igualdade de oportunidade na busca dos benefícios, garantidos pelo ensino superior é econômica e socialmente importante à luz da evidência documentada nos benefícios privados e públicos de se obter um diploma do ensino superior. Os benefícios privados e individuais incluem resultados na melhoria da saúde, aumento do potencial de ganhos e até mais satisfação pessoal e expectativa de vida, e ao mesmo tempo os benefícios sociais e públicos incluem menores índices de desemprego, aumento nos rendimentos fiscais, participação voluntária e cívica maiores e diminuição da dependência nos serviços sociais. Além disso, a expansão do acesso ao ensino superior entre os membros das comunidades menos favorecidas estende tais benefícios às comunidades com mais necessidades de intervenção de ajuda. 
 
Apesar da expansão do acesso em todo mundo, o ensino superior — em especial o setor universitário de maior prestígio ¬— em geral permanece inacessível, com a maioria dos estudantes matriculados advindos dos segmentos mais abastados da sociedade. Embora relativamente alguns países e instituições sistematicamente coletem dados sobre a origem sócia econômica dos estudantes, onde as estatísticas nacionais e pesquisas de domicílios estão disponíveis, o padrão de desigualdade está claro. No Chile, por exemplo, o índice de matricula no nível de ensino superior para o quintil mais rico é quase quarto vezes maior que o índice dos mais pobres.   Na Argentina, o índice de matricula dos mais ricos é de cinco vezes mais alto que o índice dos mais pobres, e no México o índice é de 18 vezes maior que aquele dos mais pobres. Nos países francófonos da África subsaariana, as crianças do quintil mais rico respondem por 80 por cento das matriculas do ensino superior, enquanto que aqueles dos 40 por cento mais pobres da população representam apenas 2 por cento da população estudantil.
 
Sem sombra de dúvida as matriculas estão em expansão em todo mundo, porém essa massificação tem acontecido em grupos privilegiados, e não nos grupos sócio econômicos. A distribuição dos benefícios bem documentados e importantes do ensino superior a todas as camadas da sociedade permanecerá, portanto, o maior desafio para o ensino superior em décadas futuras.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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