"Professor-estrela" de megacurso online rompe com Coursera após empresa sugerir licenciamento de conteúdo

Um renomado professor americano que de repente virou celebridade anunciou a decisão de abandonar o curso de Introdução à Sociologia que lecionou ano passado – com imenso sucesso de público – por meio da plataforma de cursos online Coursera. Segundo reportagem de Marc Parry publicada pelo Chronicle of Higher Education, Mitchell Duneier, um acadêmico de Princeton, se diz preocupado com a possibilidade de que o licenciamento ou o franchising de cursos online massivamente abertos (MOOC's, na sigla em inglês) acabem servindo como pretexto para que governos reduzam o financiamento de universidades públicas dos Estados Unidos.

 

O caso ganhou repercussão porque Duneier tornou-se rapidamente um "MOOC star", com direito à primeira página do New York Times, em novembro passado. A fama é compreensível: o sociólogo obteve uma audiência de 40 mil alunos de 113 países para seu curso (que não conferia créditos).

 

Mas Duneier desistiu após ter sido procurado por representantes da Coursera que queriam licenciar seu curso, de modo que outras faculdades pudessem utilizar o conteúdo, combinando instrução online e presencial – deste modo, as instituições poderiam "economizar dinheiro". "Eu disse não porque penso que isso é um pretexto para que legisladores cortem o orçamento de universidades públicas", conta Duneier. "Fico realmente desconfortável em fazer parte de um movimento que obtém suas receitas dessa forma. E também tenho sérias dúvidas se usar um curso como o meu desse modo [passando pela internet vídeos do curso verdadeiramente interativo para mais e mais alunos] poderia ser pedagogicamente eficaz."

 

Ele nega que tenha rompido totalmente com o modelo dos MOOCs, mas diz estar adotando a postura de "esperar para ver". "O curso do ano passado foi uma das maiores experiências de minha carreira", diz Duneier, complementando que pretende voltar a lecionar via MOOC, mas "dentro de circunstâncias adequadas".

 

Em maio, professores de filosofia da Universidade Estadual de San Jose se recusaram a lecionar um curso produzido pela edX, a plataforma de MOOC criada pelo MIT e por Harvard há pouco mais de um ano. Em carta aberta, denunciaram a "substituição da docência por educação online barata" e conclamaram professores "que se importam com a educação pública" a não criar produtos que venham a solapá-la.

 

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