14/10/2011

China

Universitários chineses terão curso obrigatório de saúde mental

Durante instrução compulsória serão tratados temas como amor e sexo e as frustrações da vida acadêmica

Um curso de psicologia, com instruções sobre educação sexual, vida romântica e como lidar com a frustração, passará a ser obrigatório para os universitários chineses, informou em setembro o jornal oficial China Daily, citando o Ministério da Educação.
 
De acordo com o Daily, o ministério encomendou às universidades a criação de um curso compulsório de saúde mental. Citando uma fonte que pediu para se manter anônima, a decisão de tornar os cursos – que já estavam disponíveis em forma eletiva – compulsórios veio da constatação de que "a maioria dos estudantes universitários acaba orientada a buscar ajuda psicológica por causa da grande pressão sobre eles".
 
O curso terá sete partes. Além da seção sobre amor e sexo, serão tratados outros problemas como as frustrações da vida em geral e da vida acadêmica em particular.
 
Especialistas ouvidos pelo China Daily saudaram a iniciativa, mas um deles, Sang Biao, diretor associado da Faculdade de Psicologia da East China Normal University (ECNU), pondera que o melhor seria oferecer esse tipo de instrução no ensino médio. "O curso é importante, mas escolher a faixa etária adequada é mais importante", disse.
 
Crescimento
A China assistiu a um dramático crescimento no número de estudantes com acesso ao ensino superior nas últimas décadas, de acordo com o relatório "Education at a Glance", divulgado em setembro pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
 
Embora o acesso a esse nível de educação ainda seja baixo, em termos relativos à população total do país (menos de 5% dos chineses de 25 a 64 anos têm nível universitário, segundo a OCDE), a taxa de jovens de 25 a 34 anos de idade com diploma superior é o dobro da de pessoas na faixa dos 55 a 64 anos: 6% e 3%, respectivamente.
 
Em termos absolutos, a China abriga hoje mais de 30 milhões de estudantes universitários, quase metade do total dos Estados Unidos (66 milhões). O Brasil, em comparação, tem 10,5 milhões.
 
O relatório chama atenção, ainda, para o fato de que, dado o tamanho da população chinesa, qualquer pequena mudança no porcentual de estudantes universitários representa um grande impacto nos números absolutos. Se a porcentagem de chineses de 25 a 64 anos com nível superior saltasse de 4,6% para 6%, o acréscimo em número de pessoas seria da ordem de 10 milhões, praticamente o mesmo número de universitários no Brasil.
 
A OCDE nota que a China tem amplo espaço para ampliar o número de estudantes universitários do país: há uma diferença de mais de 20 pontos porcentuais entre a proporção de estudantes que completa o ensino médio e cursos preparatórios para o que a OCDE chama de "ensino superior nível A" – cursos de maior duração e de grande carga teórica – e a proporção de estudantes que efetivamente entra nessas universidades.