04/07/2012

Processos seletivos

Um em cada 4 concursos para docente das federais termina sem aprovados em SP

Levantamento feito pela Folha de S.Paulo destaca falta de doutores e condições pouco atrativas dos cargos

Um quarto dos processos seletivos para docentes das universidades federais de São Paulo foi finalizado sem nenhum candidato apto para a vaga, segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo. A reportagem "25% de concursos para docentes em federais de SP não têm aprovados", publicada em 2 de julho, traz o balanço dos concursos realizados desde o começo de 2011 até agora, quando 59 processos seletivos foram concluídos sem aprovados por dois motivos: falta de inscritos ou nota insuficiente.
 
Problema atingiu diversas áreas, entre elas psicologia, engenharia, saúde e economia O texto do repórter Fábio Takahashi destaca que o problema atingiu diversas áreas, como psicologia, engenharia, saúde e economia. Normalmente os concursos compreendem três etapas: prova escrita, análise curricular e simulação de aula. Os professores das instituições federais apontam os "baixos salários" e a "carreira ruim" como motivos para a falta de atratividade, de acordo com a reportagem.
 
"A categoria está em greve nacional há um mês e meio, com adesão de 95% das escolas, segundo a organização", destaca o repórter, afirmando que o governo não tem um balanço da paralisação. "O salário inicial para um professor com doutorado, em dedicação exclusiva, é de R$ 7.627 na rede federal." Segundo o jornal, os salários das universidades estaduais, em cargos similares, são superiores aos das federais em R$ 1.100.
 
Recursos humanos escassos
 
Para os reitores das instituições federais ouvidos pelo jornal, o problema da falta de aprovados é decorrente da escassez de doutores no Brasil, apesar de terem reconhecido também que as "condições a seus professores não são as ideais". O Ministério da Educação alega que a demanda por docentes, em meio à expansão da rede federal, está acima da capacidade de formação de doutores, diz a Folha. Dados citados pelo jornal apontam que o total de matrículas das universidades federais em São Paulo praticamente dobrou entre os anos de 2007 e 2010.
 
Universidade Federal do ABC (UFABC) é a que encontra mais dificuldades para preencher as vagas Takahashi destaca que a Universidade Federal do ABC (UFABC) é a que encontra mais dificuldades para preencher as vagas, já que, no período avaliado, 35% dos concursos foram concluídos sem candidatos aprovados. Helio Waldman, reitor da UFABC, afirmou ao jornal que existem concursos sem aprovados porque "a seleção é muito rígida" e também porque a universidade "tem contratado muitos professores" — aproximadamente 500 docentes desde 2006, quando a instituição entrou em funcionamento. "Mas também influencia o mercado aquecido, principalmente na engenharia, onde os salários acadêmicos não são atrativos", explicou Waldman à Folha.