09/08/2012

Opinião

Renato Pedrosa, do CEAv, opina sobre política de cotas para universidades federais aprovada pelo Senado

Entrevista foi publicada no jornal Folha de S.Paulo de hoje

'Projeto passa o sarrafo comum para todas as instituições', afirma Pedrosa A política de cotas para ingresso nas universidades e escolas técnicas federais foi aprovada pelo Plenário do Senado na noite de terça-feira, dia 7. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 180/2008, que assegura metade das vagas por curso e turno dessas instituições a estudantes que tenham feito o ensino médio em escolas da rede pública, foi aprovado em votação simbólica e agora segue para sanção presidencial.
 
Leia abaixo a breve análise do prof. Renato Pedrosa, coordenador do Grupo de Estudos em Ensino Superior do Centro de Estudos Avançados da Unicamp, publicada nesta quinta-feira (9) na Folha de S.Paulo:
 
Nenhum país impõe obrigação desse tipo, diz professor

Por Jairo Marques

Responsável por instituir na Unicamp o sistema de bônus aos melhores alunos de escola pública na disputa por vaga, o professor Renato Pedrosa acha o projeto "absurdo" e diz que ele afeta de forma "brutal" a autonomia das universidades.
 
'Mais inclusão de diversas raças e origens sociais no ensino superior de qualidade é positivo. Mas como fazer bem feito?' Folha - O projeto pode promover justiça social?
Renato Pedrosa - Depende da instituição e seu entorno, o que é um grande problema do projeto, que passa o sarrafo comum para todas as instituições. Pode haver inclusão de pessoas, mas o número será pequeno. A maioria já tem programas de cotas e em várias delas há até mais de 50% de alunos de escolas públicas.
 
O direito à educação não vem antes da autonomia?
Nenhum país impõe obrigação desse tipo. Se o Estado determina que toda a população tem que ter acesso à educação, precisa agir nesse sentido. Menos de 20% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior. Obrigar quem já tem dificuldades de se manter a resolver esse problema com medida paliativa é absurdo.
 
E como a universidade brasileira pode ser mais plural?
Ela já é bastante plural porque várias medidas inclusivas foram tomadas pelas instituições. O governo tinha é de incentivar mais os projetos existentes.
 
Mais negros em universidades diminui o preconceito?
Mais inclusão de diversas raças e origens sociais no ensino superior de qualidade é positivo. Mas como fazer bem feito? É possível um modelo que inclua sem usar só o critério de raça, que tem problemas e gera dúvidas.