Nos cursos com pior avaliação, o corte atinge 65% das vagas oferecidas em 2010 e nos demais o corte será de 20% O resultado da mais recente rodada de avaliação da educação superior no Brasil revela um avanço na qualidade geral das instituições, de acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad. Mesmo assim, alguns cursos da área da saúde, ciências contábeis e administração terão cerca de 50 mil vagas suspensas para ingresso em 2012, por conta do mau resultado obtido.
Nos cursos com pior avaliação, o corte atinge 65% das vagas oferecidas em 2010. Nos demais, o corte será de 20%. Além de sofrer corte, a instituição mal avaliada precisa assinar com o MEC um termo de saneamento das deficiências encontradas.
O MEC avaliou 2.176 instituições de ensino superior, sendo 229 públicas e 1.947 privadas, entre universidades, centros universitários e faculdades. O resultado dessa avaliação é consolidado em um número, o Índice Geral de Cursos (IGC), que varia de 1 a 5. Notas acima de 3 significam um resultado satisfatório; notas de 1 ou 2, consideradas insatisfatórias, trazem consequências como a suspensão de vagas.
No universo das instituições avaliadas, 27 delas alcançaram o índice 5, sendo 16 públicas e 11 privadas; 131 obtiveram nota 4 (65 públicas e 66 privadas); 985 aparecem com nota 3 (90 públicas e 895 privadas); 674 tiveram nota 2 (41 públicas e 633 privadas); nove tiveram nota 1 (duas públicas e 335 privadas).
Também passaram por avaliação 4.143 cursos superiores de graduação. O produto da avaliação dos cursos, que leva em conta critérios como a titulação dos professores, qualidade das instalações e o resultado dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho, o Enade, é o Conceito Preliminar de Curso (CPC), expresso com notas em uma escala que também vai de 1 a 5. O CPC é um dos componentes do IGC e, assim como nele, as notas de 3 a 5 significam conceito satisfatório e as notas 1 e 2, desempenho insatisfatório.
Em nota divulgada pelo MEC, Fernando Haddad elogiou o avanço na titulação dos docentes dos cursos superiores basileiros. “Temos hoje professores mais titulados e que se dedicam mais ao ensino do que no passado”, disse.
O Censo da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep) registrou as taxas de avanço da titulação ao longo da década. De 2001 para 2010, a maior elevação percentual ocorre em relação ao título de doutor, que alcança 123,1%, seguida do mestrado (99,6%) e da categoria classificada pelo censo como “até especialização”, com 23,2%.
A Unicamp aparece classificada como a melhor universidade do país. A USP, considerada a melhor nos principais rankings internacionais, não participa da avaliação federal Haddad destacou, ainda, as boas notas obtidas por nove das 14 novas universidades criadas a partir de 2003 e que passaram por avaliação em 2010.
Dentre todos os cursos de graduação avaliados, 58 alcançaram nota 5 no CPC; 728 (4); 1.608 (3); 575 (2); 19 (1); e 1.155 cursos das áreas avaliadas aparecem “sem conceito”, por não ter apresentado algum dos itens que entram na composição do CPC, informa o MEC.
Em 2010, o Enade avaliou as áreas de saúde e ciências agrárias, distribuídas em 14 cursos: biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional, agronomia e zootecnia, além de cinco tipos de cursos superiores de tecnologia – tecnologia em agroindústria, tecnologia em agronegócio, tecnologia em gestão ambiental, tecnologia em gestão hospitalar e tecnologia em radiologia.
As três áreas do conhecimento com maior número de cursos avaliados em 2010 foram enfermagem, com 728 cursos, fisioterapia (477) e farmácia (389). As áreas com menor número de cursos avaliados são as tecnológicas: tecnologia em agroindustria teve 18 cursos avaliados, tecnologia em gestão hospitalar, 45, e tecnologia em radiologia, 49.
Unicamp
A avaliação da educação superior feita pelo MEC tem jurisdição sobre o sistema federal de ensino, que inclui as universidades federais e as instituições privadas. Instituições estaduais não são, portanto, obrigadas a se submeter ao sistema, mas a Unicamp decidiu participar, de forma voluntária, da avaliação realizada em 2010. A universidade aparece classificada como a melhor do país no IGC, com nota 4,69. A USP, considerada a melhor universidade brasileira nos principais rankings internacionais, segue não participando da avaliação federal.