28/06/2013

Ação afirmativa

Estudo rejeita cotas nas universidades e sugere cursos pré-universitários

Relatório encomendado pela Aciesp defende que medida reduz qualidade dos cursos e estimula evasão

A Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) divulgou em junho um estudo que descarta as cotas raciais ou sociais no ensino superior como alternativas para facilitar o acesso à universidade e propõe a criação de um curso pré-universitário para alunos de baixa renda. O documento "Ações afirmativas nas universidades brasileiras" afirma que esse mecanismo de inclusão não garante que os cotistas tenham o desempenho esperado em sala de aula, estimulando a evasão escolar e reduzindo a qualidade dos cursos mais concorridos.
 
Estudo defende que a melhor saída seria a criação de cursos preparatórios gratuitos Coordenado pelo físico José Goldemberg, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), o estudo defende que a melhor saída para a inclusão de alunos de baixa renda nas instituições públicas de ensino superior seria por meio de cursos preparatórios gratuitos. Essa complementação nos estudos, oferecida após a conclusão do ensino médio, empregaria principalmente alunos de pós-graduação como professores e permitiria que estudantes carentes pudessem cursá-los com bolsas de estudo.
 
Queda no desempenho
"A introdução de cotas sociais ou raciais afeta os diversos cursos de forma muito diferente e não há dúvida que cria o risco de permitir o acesso de alunos não suficientemente preparados para acompanhar os cursos em detrimento de outros que foram excluídos por causa das cotas", afirma o relatório. Além de Goldemberg, produziram o documento as cientistas sociais Eunice Durham (USP) e Maria Helena de Castro (Unicamp) e o sociólogo Simon Schwartzman (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
 
Autores criticam a opção do governo federal de criar cotas nas universidades públicas Os autores criticam a opção do governo federal de criar cotas nas universidades públicas e destacam que a opção tem um custo muito menor para os cofres públicos do que melhorar o ensino médio no País, o que permitiria mais oportunidades de ingresso aos estudantes de baixa renda. "O grande problema, de fato, é melhorar a qualidade e a equidade do ensino fundamental e médio para que todos tenham as mesmas oportunidades no acesso ao ensino superior", defendem.
 
Dificuldades do Pimesp
Defendendo a valorização do mérito pelo atual modelo de vestibulares, os autores também comentam as dificuldades de outros modelos de ação afirmativa, como o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), proposto pelo governo paulista e ainda em discussão nas universidades paulistas. "Quanto à criação de colleges, uma das ideias mais interessantes na proposta paulista, é preciso refletir sobre as dificuldades na sua implantação. Significaria uma transformação muito grande de toda a estrutura dos nossos cursos, correspondendo a um curso básico, que jamais teve sucesso".
 
"Universidade é demasiado conservadora para promover uma mudança tão profunda" Segundo o estudo, a comunidade universitária é "demasiado conservadora para promover uma mudança tão profunda". O documento alerta que, para que o Pimesp seja bem-sucedido, ele precisaria oferecer um curso diversificado por áreas de conhecimento e teria que permitir o posterior ingresso dos alunos no segundo ou terceiro ano de bacharelado.