24/04/2013

Pós-graduação

Estudo mostra que setor privado já forma 22% dos mestres no Brasil

Contribuição proporcional das universidades públicas diminuiu entre 1996 e 2009, diz CGEE

Um estudo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) divulgado nesta semana revelou que, entre 1996 e 2009, a formação de mestres cresceu em média 10,7% ao ano, impulsionada em grande parte pelos programas de pós-graduação de instituições particulares. O setor privado, que respondia por apenas 13,3% dos títulos concedidos em 1996, passou a formar 22,4% dos mestres do País em 2009. Já o setor público reduziu sua contribuição na titulação de mestres de 30,2% para 25,0%, nas universidades estaduais, e de 56,5% para 51,9%, nas federais. Esse crescimento das instituições privadas, entretanto, ocorreu com maior intensidade em áreas de estudo que requerem investimentos menores em infraestrutura laboratorial, como ciências sociais aplicadas, multidisciplinar, ciências humanas, e linguística, letras e artes.
 
O documento "Mestres 2012: demografia da base técnico-científica brasileira" mostra que a pós-graduação brasileira, regulamentada em 1965, somava 2.679 programas de mestrado em 2009, o que representou uma elevação de 126% em comparação com 1996. Nesse período, foram concedidos 332.823 títulos de mestrado, subindo de 10.389, em 1996, para 38.800 títulos, em 2009. O estudo concluiu que parte do crescimento pode ser justificada pelo surgimento dos mestrados profissionais, que respondiam por 8% das titulações em 2009.
 
Número de programas de mestrado cresceu 126% entre 1996 e 2009 "A natureza da pós-graduação brasileira está transcendendo os limites da formação essencialmente voltada para a academia. Os programas de mestrado profissional foram criados em 1999 em resposta a essa transformação com o objetivo de formar profissionais de alto nível com perfil próprio para outras atividades da sociedade e para o setor produtivo. No ano de 2009, os mestrados profissionais já eram responsáveis pela formação de 3.102 novos mestres", destaca o CGEE.
 
Ocupação na indústria
Esse fenômeno se reflete também no mercado de trabalho, já que os mestres profissionais, por exemplo, ocupam 2,5 vezes mais postos na indústria de transformação do que os profissionais com formação de mestrado acadêmico. Em termos salariais também há diferenças: em 2009, os pós-graduados com mestrado profissional ganhavam 37% mais do que os com mestrado acadêmico, "o que parece indicar a aprovação dada pelo mercado de trabalho a esse novo tipo de mestres", afirma o estudo.
 
Mestres obtêm uma remuneração média 84% superior à dos profissionais que somente concluíram um curso de ensino superior De acordo com o relatório do CGEE, o investimento em educação oferece elevados bônus educacionais no Brasil. Os profissionais com mestrado concluído obtêm uma remuneração média 84% superior à dos que somente concluíram um curso de ensino superior. "Os bônus educacionais brasileiros são elevadíssimos e, por isso, ainda vale muito a pena investir em educação. A análise dos resultados do Censo 2010 mostrou que a remuneração média dos brasileiros eleva-se de maneira marcada quando ele passa de um nível educacional para o imediatamente superior. Esse tipo de bônus educacional associado à realização do curso superior, por exemplo, é superlativo."