29/03/2012

Polarização no mercado de trabalho

Estudo britânico mostra que falta de profissionais com diploma ameaça economia

Documento publicado por associação de 23 universidades destaca desafios do Reino Unido

Um estudo publicado pela entidade britânica University Alliance mostra de que maneira a escassez de profissionais com formação universitária coloca em risco o crescimento econômico do Reino Unido. O trabalho "The way we'll work: labour market trends and preparing for the hourglass" (O modo em que iremos trabalhar: tendências do mercado de trabalho e preparação para a "ampulheta", em tradução livre), divulgado em 27 de março, destaca que, contrariamente ao senso comum que sugere a existência de um excesso de graduados no país, o mercado de trabalho está demandando cada vez mais pessoas com esse nível de formação.
 
Em 2000, Reino Unido era o 3º país com mais jovens no ensino superior, mas em 2008 caiu para o 15º lugar O documento, divulgado pela associação que reúne 23 instituições de ensino britânicas da área de administração, defende que, "para o Reino Unido se manter globalmente competitivo, é necessária uma proporção maior de graduados compondo a força de trabalho". A razão disso, afirma, é que a tecnologia está modificando o modo de se trabalhar e está provocando uma polarização no mercado de trabalho dos países desenvolvidos.
 
Essa nova estrutura tende a adquirir a forma de uma ampulheta. A figura da ampulheta, segundo o estudo, é resultado de três movimentos simultâneos. No topo, ocorre o crescimento sustentado na demanda por mão de obra para trabalhos mais complexos, não rotineiros e com altos salários; na base, também há a expansão dos trabalhos braçais, de salários inferiores; e, no meio, há a contração da oferta de postos relacionados a trabalhos rotineiros, de nível salarial médio. Esse fenômeno, indica a University Alliance, gera disparidades ao deixar um espaço entre os dois extremos desse mercado de trabalho.
 
No ano 2000 o Reino Unido era o terceiro país entre os mais industrializados em termos de proporção de jovens no ensino superior, mas o investimento mais rápido e eficiente de outras nações nesse setor fez com que os britânicos caíssem para a 15ª posição em 2008, informa o documento. "Temos que considerar seriamente as consequências da queda contínua nesse ranking em termos de nossa competitividade internacional e de nossa habilidade de suprir as necessidades de uma economia que tende a se moldar na forma da ampulheta", diz o estudo. "Em tempos de austeridade, é essencial que o investimento em educação seja efetivamente direcionado para atender as demandas futuras de nossa economia e sociedade."