24/05/2013

Remuneração

Ensino superior eleva renda do trabalhador em mais de 200%, diz IBGE

Procura por trabalhadores com diploma universitário também cresce mais depressa no Brasil

Com salário médio de R$ 4.135,06, o pessoal assalariado de nível superior, no Brasil, tem renda 219,4% acima dos trabalhadores com menos estudo, informa o IBGE. Os dados divulgados pelo instituto, que têm como base o Cadastro Central de Empresas (Cempre), mostram também que as empresas procuram cada vez mais trabalhadores com grau universitário: o número de empregados com nível superior subiu 8,5%, contra contra 4,4% nos níveis de ensino inferiores, na comparação com 2010.

Na análise do pessoal ocupado assalariado segundo o nível de escolaridade, 82,9% dos trabalhadores não tinham nível superior e 17,1%, tinham. A participação relativa dos empregados com escolaridade universitária aumentou 0,6 ponto porcentual, entre 2010 e 2011. Em 2010, o aumento do total de pessoal ocupado com nível superior havia sido de 7,6%.

Mundo
Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado em 2011, já apontava o Brasil como o país onde o diploma de nível superior mais eleva a perspectiva de renda do trabalhador, dentro de um grupo de comparação formado por EUA, nações da Europa, Turquia, Japão, Israel, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Chile e México, Índia, China, Rússia, África do Sul, Argentina, Indonésia e Arábia Saudita.

De acordo com o trabalho da organização internacional, na média dos países-membros da OCDE uma pessoa com grau universitário pode esperar ganhar pouco mais de 50% do que alguém que só tenha completado o ensino médio. No Brasil, essa expectativa é de mais de 150%, chegando a 164% para os profissionais mais experientes, na faixa de 55 a 64 anos de idade.

A OCDE alertava também para o fato de que os brasileiros que não chegam a completar o secundário sofrem um impacto grave em suas perspectivas de renda. Seu ganho é apenas 53% do de um trabalhador com nível médio, ou 34% do de um que tenha completado um curso superior.

Essa disparidade é muito maior que a média da OCDE, onde uma pessoa sem um diploma de ensino médio tem uma perspectiva de renda que corresponde a 77% dos ganhos de alguém que tenha completado esse nível escolar, ou 50% da renda de um trabalhador com grau universitário.

O efeito da educação superior sobre a renda, no Brasil, foi detectado pela OCDE tanto entre os homens quanto entre as mulheres, ainda que a desigualdade entre os sexos persista: um brasileiro com curso universitário pode esperar ganhar 175% mais que outro que tenha concluído apenas o ensino médio. Já uma brasileira com diploma de curso superior tem uma expectativa de renda 163% maior em relação a uma mulher que só tenha o ensino médio.

Empresas
O Cadastro Central de Empresas analisou 5,1 milhões de organizações em 2011, das quais 89,9% eram companhias da iniciativa privada, que absorveram 75,5% do pessoal ocupado total e 72,4% do pessoal ocupado assalariado, e pagaram 63,4% dos salários e outras remunerações.

Apesar de predominantes, as chamadas entidades empresariais pagaram os salários mensais mais baixos (em média, R$ 1.592,19). A administração pública, embora respondendo por 0,4% das organizações – 18,1% do pessoal ocupado total, 20,9% do pessoal ocupado assalariado e 30,2% dos salários e outras remunerações – pagou os salários mais elevados (média de R$ 2.478,21). As entidades sem fins lucrativos (9,7% das organizações) ficaram em segundo lugar, com R$ 1.691,09. Elas foram responsáveis por 6,4% do pessoal ocupado total, 6,6% do pessoal ocupado assalariado e 6,3% dos salários pagos no ano.

As empresas e outras organizações formais ativas ocuparam 52,2 milhões de pessoas, sendo 45,2 milhões (86,6%) de assalariados e 7,0 milhões (13,4%) na condição de sócio ou proprietário. Os salários e outras remunerações somaram R$ 1 trilhão, com salário médio mensal de R$ 1.792,61 (3,3 salários mínimos).
Na comparação com 2010, o total de salários e outras remunerações aumentou 8 % e o salário médio mensal, 2,4%, em termos reais.

O número de empresas e outras organizações ativas manteve-se o mesmo, mas o pessoal ocupado total cresceu 4,9% (2,4 milhões), o pessoal ocupado assalariado, 5,1% (2,2 milhões) e o número de sócios e proprietários, 3,8% (256,2 mil).