02/07/2012

Avaliação

Editor de rankings da Times Higher Education pede ‘responsabilidade’ na hora de usá-los

Informações geradas por tabelas de comparação internacional não deveriam determinar políticas

Phil Baty, editor de rankings do THE

Usar rankings internacionais de instituições de ensino superior, como os elaborados pela revista Times Higher Education (THE), para decidir quais universidades merecem receber estudantes de programas de bolsas, como o brasileiro Ciência Sem Fronteiras, pode não ser exatamente uma boa ideia, disse o editor de rankings da própria THE, Phil Baty.


“Tabelas de ranqueamento global de universidades são inerentemente grosseiras”, escreveu Baty, em artigo publicado na revista. “Uma adesão rígida aos rankings traz o risco de se perderem muitos bolsões de excelência em áreas delimitadas que não são capturadas nos rankings que avaliam as instituições como um todo”.

Baty acredita que os rankings podem ser úteis para efeitos de comparação entre instituições, principalmente quando são levados em conta os indicadores que entram na formação dos números finais, mas também se diz preocupado com o que considera o “mau uso” dos resultados.

“Uma das principais forças da educação superior mundial é sua diversidade extraordinariamente rica, que jamais poderá ser capturada pelos rankings THE, que deliberadamente buscam comparar apenas instituições intensivas em pesquisa, que competem no mercado global e que incluem menos de 1% das instituições mundiais de educação superior”, afirma o editor, em seu artigo.


Baty diz concordar, em larga medida, com uma advertência feita por um grupo de reitores de universidades latino-americanas que pediu que os formuladores de políticas públicas da região evitem usar os rankings para avaliar instituições, definir investimentos ou guiar a política educacional.

Mesmo reconhecendo que rankings “transparentes e responsáveis” podem permitir que universidades tenham um padrão pelo qual avaliar suas performances e que governos avaliem o desempenho de suas melhores instituições, em comparação com as grandes concorrentes internacionais, o editor insiste que as classificações como a feita ela THE devem, no máximo, “informar”, mas jamais determinar, a política pública.

Ele endossa a manifestação dos reitores latino-americanos, de que as universidades não podem sacrificar compromissos fundamentais em nome de “mudanças superficiais” apenas para aparecer melhor nas classificações internacionais.

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