27/05/2011

Relatório

Desigualdades de gênero no MIT

Na School of Science, a participação das mulheres no corpo docente subiu, entre 1999 e 2011, de 8% para 19%

No final da década de 1990, um estudo mostrou que a participação das mulheres no corpo docente da School of Science do Massachusetts Institute of Technology (MIT) estava estacionada na faixa de 8% havia quase 20 anos. Uma década depois, um novo relatório feito pela universidade revela que aumentou a presença feminina na instituição, mas ainda há problemas de gênero a serem solucionados.

O estudo divulgado em março sobre a School of Science e a School of Engineering — duas das cinco escolas que compõem o MIT — destaca que quase dobrou o total de professoras com estabilidade no cargo e que as mulheres já ocupam cargos de chefia dentro do instituto. Além disso, as desigualdades salariais, de recursos, de espaço de laboratórios e das cargas horárias de ensino foram em grande parte eliminadas.

Um primeiro estudo feito em 1999 apenas na School of Science teve repercussão em âmbito nacional nos EUA na época ao apontar o nível de desigualdade e os principais problemas enfrentados pelas mulheres em uma das principais instituições acadêmicas norte-americanas.

Em 2002, outro estudo feito na School of Engineering apontou resultados muito similares sobre a situação desvantajosa das professoras do instituto. Depois disso, o MIT criou comissões para avaliar o problema e apontar soluções, com a indicação de mulheres para cargos administrativos e a procura por novas profissionais para pesquisar e lecionar.

“Apesar de altamente efetivas, ficou claro que soluções institucionais adicionais seriam necessárias para garantir que o processo continuasse e se tornasse parte das práticas e da cultura do MIT”, informa o novo relatório. Dentro das comemorações dos 150 anos do MIT, completados em 10 de abril, foi lançado o estudo que incluiu levantamentos estatísticos e entrevistas com as mulheres que pertencem ao corpo docente da universidade, em grupos e individualmente.”

Na School of Science, a participação das mulheres no corpo docente subiu, entre 1999 e 2011, de 8% para 19%. Na School of Engineering, o percentual cresceu de 10% para 17% entre 2001 e 2011.

“Apesar desse progresso, os problemas continuam, e surgiram novos problemas que podem provocar impactos negativos nas carreiras das docentes”, ressalta o documento. Entre esses problemas estão: a dificuldade de lidar com as responsabilidades de trabalho e família e a percepção negativa de que as ações afirmativas de gênero possam estar favorecendo as mulheres, independentemente do mérito, em contratações, promoções e premiações.

Além disso, a exigência de que todo comitê tenha em sua composição uma mulher, apesar da proporção menor em relação aos homens, sobrecarregou as docentes e as privou do tempo que antes era dedicado à pesquisa. A primeira aluna do MIT, Ellen Swallow Richards, formou-se em química em 1873. Apenas em 1952 o instituto contratou a sua primeira docente, Elspeth Rostow, que foi professora assistente no departamento de economia e ciência social