20/12/2011

'Ingresso irresponsável na faculdade'

Coreia do Sul discute problema de excesso de vagas no ensino superior

Queda da taxa de fertilidade gera risco de estrutura construída para dar aos jovens uma vaga na faculdade tornar-se redundante e excessivamente cara

Líderes sul-coreanos debatem se a expansão do ensino superior no país, onde mais de 80% dos formados no ensino médio partem em busca de diplomas universitários, não teria ido longe demais. “O ingresso irresponsável na faculdade está causando grandes perdas às famílias e ao país”, disse recentemente o presidente sul-coreano Lee Myung-bak, citado no site da publicação especializada Chronicle of Higher Education.
 
Dos 50 milhões de habitantes do país, cerca de 4 milhões estudam em cursos superiores de graduação e pós-graduação. O avanço do país no setor, ao longo das últimas décadas, tem sido impressionante.
 
Até 1977, menos de 5% da população com idade entre 18 e 25 anos tinha acesso ao ensino superior Como nota o Chronicle, até os anos 60 a Coreia do Sul era um dos países mais pobres do mundo, e até 1977, menos de 5% da população com idade entre 18 e 25 anos tinha acesso ao ensino superior. Hoje, o desempenho dos estudantes coreanos de ensino médio em ciências e matemática está entre os mais altos do mundo. Com a taxa de fertilidade em queda, no entanto, a estrutura construída para dar a todos esses jovens uma vaga na faculdade corre o risco de se tornar redundante e excessivamente cara.
 
Ministro da Educação espera uma queda de 40% no número de matrículas nos próximos 12 anos O diretor-geral do Ministério da Educação, Sung Geun Bae, disse ao Chronicle que os sul-coreanos permitiram "a abertura de universidades demais". O ministro da Educação, Lee Ju-Ho, espera uma queda de 40% no número de matrículas nos próximos 12 anos. Em 2016, já haverá mais vagas nas universidades do que formandos no ensino médio. Instituições de ensino superior talvez tenham de ser fechadas, e às dezenas.
 
Assim como no Brasil, o maior número de vagas oferecidas está no setor privado. Problemas em algumas instituições particulares, como a cobrança de preços extorsivos dos estudantes e o pagamento de salários baixos aos professores, encontram-se sob investigação.