24/08/2015

International Higher Education | 81

Universidades de joint-venture na China: as comparações de Shangai e Shenzhen

Ruth Hayhoe e Julia Pan
Hayhoe é professora e Pan é pesquisadora sênior associada no Programa de Ensino Superior, Departamento de Liderança, Ensino Superior e Educação de adultos, Instituto de Ontario para Estudos em Educação, University of Toronto, Canadá. Ruth Hayhoe: e-mail: ruthhayhoe@sympatico.ca. Julia Pan: e-mail: julia.pan@utoronto.ca
A mais recente joint-venture de universidades na China tem duas características. Em primeiro lugar, o Ministério de Educação da China requer uma parceria formal entre uma universidade chinesa e outra estrangeira para que a aprovação seja concedida. Esta política reflete uma preocupação chinesa voltada para soberania que remete às indignidades sofridas nas mãos de potências estrangeiras no final do século 19. Em segundo lugar as cidades e centros nas regiões costeiras prósperas da China estão preparados para fornecer terra e custos de construção para estas universidades, como meio de aumentarem seus perfis. Aqui apresentamos uma síntese das instituições de joint-venture na região de Shaghai e comparamos as iniciativas emergentes na cidade sulista de Shenzhen. 
 
Os primeiros casos sino-britânicos
As primeiras universidades de joint-venture na China são a University of Nottingham-Ningbo em um vibrante porto no sul de Shanghai e Xi’an Jiaotong-Liverpool University nas proximidades da cidade de jardins de Suzhou. Um artigo recente sobre o ensino superior de Yi Feng (2013) fornece um breve histórico e ao mesmo tempo estabelece comparações fascinantes entre estas duas instituições.
 
Nottingham estabeleceu parceria com a modesta universidade local, que recebeu suporte da cidade de Ningbo para construir um belo campus. A universidade de Liverpool em contrapartida escolheu uma universidade nacional de engenharia do topo de linha como sua parceira e assim a Xi’an Jiaotong-Liverpool University é fundada por uma fundação com base em Suzhou. Os estudantes na University of Nottingham-Ningbo são expostos a um amplo currículo em artes liberais oferecido em língua inglesa próximo àquele de Nottingham, enquanto os estudantes da Xi’an Jiaotong-Liverpool são matriculados em uma variedade de programas de engenharia e administração com foco em abordagens inovadoras de ensino e pesquisa. Ambas têm cerca de 4,000 estudantes no momento, com o objetivo de chegar a 8,000. Nasceram do relacionamento entre os principais acadêmicos/administradores em ambos os lados, sendo o mais célebre o presidente da Fudan University, Yang Fujia. Ningbo a cidade natal de Yang apoiou o novo empreendimento, e a Nottingham o nomeou como seu 6º reitor, uma posição por ele mantida de 2001 a 2012.
 
Casos recentes sino-americanos
Os americanos rapidamente seguiram a liderança britânica. Em maio de 2014 visitamos duas joint-ventures sino-americanas, também na área de Shanghai. A New York University Shanghai e a Duke Kunshan University recrutaram seus primeiros estudantes no outono de 2013 e 2014, respectivamente. Embora a anterior seja uma parceria entre a New York University e a Universidade de Letras do Leste da China (ECNU), com o fornecimento por parte do novo distrito de Pudong de Shanghai de um campus no estilo do de Manhattan, a última é uma pareceria entre a Duke University e a Universidade de Wuhan — com a construção por parte da cidade de Kunshan nos subúrbios de Shanghai de um campus que espelha as características do campus da Duke.
 
O vice-reitor de Artes e Ciências na New York Shanghai é professor de educação comparativa na ECNU e trabalha proximamente com Provost Joanna Waley Cohen, uma sinologista altamente respeitada do departamento de história da New York University, atualmente residente em Shanghai. A New York University Shanghai matriculou seus primeiros 300 estudantes no outono de 2013, com aulas no campus de ECNU até a abertura do novo campus de Pudong no outono de 2014. Os números de estudantes são agora de 600, com 500 novos calouros planejados para 2015 e 2016. O número total limitado será de 3,000, com um pequeno número de estudantes de mestrado iniciando em 2015. Da primeira turma, 151 eram estudantes de todas as partes da China, com 65 por cento da área de Shanghai, 149 estudantes internacionais, 60 por cento americanos. O inglês é o meio de instrução, porem todos os estudantes também aprende chinês. O currículo cobre a área de humanidades e ciências sociais, matemática, línguas e habilidades de escrita. Todos os estudantes são obrigados a fazer dois cursos, perspectivas globais em sociedade e cultura, e passar um semestre em estudos no exterior. Quarenta por cento dos docentes são professores da New York University em visitas curtas, outros 40 por cento são recrutados internacionalmente de todas as partes do mundo para funções de longo prazo e 20 por cento são professores adjuntos de todas as partes do mundo. Quatro institutos de pesquisa reterão suas localizações atuais no campus de ECNU, facilitando assim pesquisa colaborativa de longo prazo entre docentes de ambas as instituições nas áreas de neurociências, matemática aplicada, estatística aplicada à química e trabalho social.
 
A Duke Kunshan University recrutou sua primeira turma de estudantes em 2014, com 150 estudantes nos programas de mestrado em administração, física médica, e saúde global. Incomum, a universidade teve a permissão para recrutar primeiro estudantes de pós-graduação, mas um programa de graduação está sendo planejado, com um número de 4.000 estudantes pretendidos. Um comitê da Duke foi convocado a planejar este programa de modo a refletir as características únicas da Duke como uma universidade de pesquisa em Artes Liberais. O ensino no primeiro período do outono foi assumido por 30 docentes visitantes da Duke, e há uma convocação para posições permanentes no corpo docente. Dois centros de pesquisa colaborativa foram estabelecidos em saúde global, assim como em meio ambiente e energia. O fato de Mary Brown Bullock, uma renomada sinologista e figura proeminente nas relações sino-americanas, servir como vice-reitora executiva residente é um bom augúrio para uma abordagem que mistura as ricas tradições chinesas com aquelas do Ocidente.
 
Novas iniciativas de Shenzhen
Em novembro de 2014, a cidade sulista de Shenzhen hospedou a quinta conferência anual sobre a cooperação chinesa-estrangeira em Direção de Escolas. A participação nesta conferência nos deu uma ideia quanto à abordagem de Shenzhen para atrair universidades de joint-venture. A cidade surgiu como o resultado da política de porta aberta de Deng Xiaoping no final da década de 1970 e foi o lugar em que Deng anunciou que a China reabriria para o mundo após a tragédia da praça Tiananmen em Beijing em 1989, em uma viagem histórica à região em janeiro de 1992. Um dos pontos importantes da conferência foi uma mesa redonda de sete vice-presidentes das principais universidades nacionais, que introduziram os programas de joint-ventures planejados para Longgang, o novo distrito urbano designado pelo governo de Shenzhen como a cidade universitária: A Universidade de Tsinghua em colaboração com a University of California, Berkeley, o Instituto de Tecnologia de Beijing com a Universidade Estadual de Moscou, a Universidade de Jilin com a University of Queensland, e a Universidade de Hunan com o Rochester Institute of Technology, entre outros. Todos respondiam ao convite para estabelecer instituições especializadas em escala menor, focadas em áreas relevantes para as necessidades de empregabilidade de Shenzhen. A intenção é atrair excelentes estudantes da China e do exterior e manter os principais graduados em Shenzhen. O foco nas instituições caraterizado por campos especializados do conhecimento marca a abordagem de Shenzhen como o distrito das universidades de Joint-venture na área de Shanghai. Talvez esta seja a razão pela qual os representantes de instituições como a New York’s New School, a Otto Belshem Institute of Management, e a Zurich University of the Arts vieram à conferência para explorar futuras possibilidades.
 
Preocupações importantes quanto ao recrutamento de docentes
Provavelmente, a preocupação mais crucial para estas novas instituições colaborativas é o recrutamento de docentes altamente qualificados e permanentes. Enquanto a University of NottinghamNingbo usa principalmente docentes de Nottingham, a Xi’an Jiaotong-Liverpool University tem tentado recrutar docentes de todo o mundo. A New York University Shanghai está dependendo fortemente agora de docentes da New York University, porem em busca da contratação de docentes mais permanentes, e a Duke-Kunshan University está fazendo a mesma coisa. Poderá ser mais fácil atrair acadêmicos de nível mundial para a área de Shanghai que para a nova cidade de Shenzhen, o que será interessante observar como as novas instituições emergentes de joint-venture lidarão com este desafio.    
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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