24/08/2015

International Higher Education | 81

Projeto “Top Universidade Global do Japão”

Yukiko Shimmi e Akiyoshi Yonezawa
Yukiko é professora assistente na Universidade de Hitotsubashi, Tóquio, Japão. E-mail: yshimmi@gmail.com. Yonezawa é professor associado na Universidade de Nagoya, Japão. E-mail: yonezawa@gsid. nagoya-u.ac.jp
Em setembro de 2014, o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciências e Tecnologia no Japão (MEXT) listou 37 universidades japonesas selecionadas para o projeto “Top Universidade Global.” Essas universidades receberão financiamento do governo por até 10 anos para melhorar suas competitividades globais ou no sentido de liderar a internacionalização das universidades japonesas através da reforma da universidade (ex: governança, gestão, estrutura, currículo e admissão). Embora o apoio do governo para internacionalização seja essencial, há algumas preocupações no que concerne o projeto atual: tais como, a micro gestão do governo da reforma universitária, padronização isomorfa da abordagem a internacionalização, e o aumento das lacunas entre as universidades. 
 
As características do projeto Top Universidade Global
O projeto Top Universidade Global do MEXT consiste de duas categorias. Treze grandes universidades de pesquisa foram selecionadas para o status de instituições do Tipo - A, focadas particularmente na melhoria da globalização das universidades e suas presenças entre as principais 100 do mundo nos rankings de universidades. O governo claramente tem como referência os rankings globais de universidades como uma das metas numéricas para as instituições do Tipo – A. Incluíram-se as instituições do Tipo – A todas as antigas universidades imperiais, quatro outras universidades nacionais, e duas universidades privadas de prestígio. Estas receberão 500 milhões de ienes japoneses (aproximadamente US$4.3 milhões de dólares) anualmente por até 10 anos. Vinte quatro universidades foram selecionadas para o status de instituições do Tipo – B, as quais se atribuirá a internacionalização do ensino superior japonês através da expansão de suas capacidades. Incluíram-se as instituições do Tipo – B 10 nacionais, 2 públicas locais e 12 universidades privadas. Estas receberão de 200 a 300 milhões de ienes japoneses (aproximadamente US$1.7 a 2.5 milhões de dólares) anualmente por até 10 anos.
 
Comparado com o orçamento total das universidades e algumas iniciativas de excelência em outros países, o volume de financiamento do projeto atual não é grande. Diferente de algumas outras iniciativas de excelência, o financiamento atual não está diretamente alocado para as atividades de pesquisa, mas para melhoria da presença internacional das universidades através da internacionalização e reforma da governança, gestão e políticas de pessoal para se ajustarem à concorrência global. As universidades escolhidas também poderiam usar suas condições de status para atrair estudantes internos e internacionais, assim como outras partes interessadas, argumentando que se encontram entre algumas universidades selecionadas pelo governo nacional como modelos de universidades internacionais.
 
Planos para seleção e implementação
As universidades submeteram um plano estratégico, no qual demonstram de que maneira planejaram alcançar a internacionalização e a reforma universitária, com base em suas próprias capacidades e recursos. Por exemplo, a Universidade de Nagoya, uma das principais universidades nacionais, submeteu um plano para se tornar o “ Centro Universitário Asiático para o desenvolvimento de um mundo sustentável no século 21” e lançou campi satélites em vários países asiáticos para oferecer programas de doutorado aos futuros líderes nacionais.   A universidade de Keio, uma das principais universidades privadas submeteu um plano para fortalecer sua pesquisa orientada para prática, através da conexão indústria – universidade.
 
As atividades propostas nos planos das universidades selecionadas, sobretudo se assemelham. A maioria das universidades apresentou a internacionalização de vários aspectos educacionais: o fornecimento de cursos interdisciplinares, programas de diplomas conjuntos e cursos ensinados em inglês; implantação de reformas nos processos de admissão, utilizando testes externos de língua e funções de pesquisa; promoção da colaboração da pesquisa internacional e o fomento da cooperação universidade – indústria, desenvolvendo redes internacionais, e alavancando os centros de pesquisa internacional; entre outras atividades, além do desenvolvimento do corpo docente e de funcionários para a internacionalização.
 
Tais similaridades ocorreram parcialmente porque o governo solicitou que as universidades candidatas preenchessem o formulário que exemplifica as principais atividades, tendo sido solicitadas também a reportar suas situações atuais e projeções futuras com base em 40 indicadores de desempenho. Somando-se aos indicadores comuns relacionados à internacionalização (ex: os números de estudantes internacionais, estudantes de intercâmbio que estudam no exterior, acordos internacionais institucionais e membros docentes estrangeiros), as universidades também foram solicitadas a reportar várias atividades internacionalmente relacionadas (ex: fornecimento de moradia internacional, oferta de cursos e programas de formação em línguas estrangeiras, o fornecimento de vários cursos de língua japonesa, introdução do sistema de pontuação média de desempenho acadêmico, disponibilização de programas curriculares em inglês e de informação universitária em línguas estrangeiras, realização de processos de admissão convenientes com o potencial dos candidatos no exterior). Além disso, alguns indicadores, não foram relevantes no que tange a internacionalização, mas fundamentais para reforma universitária mais abrangente — segundo o grau no qual o sistema de salário com base em realização, sistema de estabilidade e sistema educacional foram implementados e estão alinhados com os padrões internacionais. 
 
Algumas preocupações
Este projeto poderá ser um forte apoio para tornar tais universidades mais internacionalmente competitivas. Do ponto de vista dos contribuintes, deve existir razoável certeza de que o governo fará o monitoramento da evolução do projeto publicamente financiado com indicadores claros de desempenho. Contudo, há também preocupações no que tange as consequências deste projeto cuidadosamente elaborado. 
 
O projeto poderá levar à micro gestão ineficiente das universidades de linha que precisam de forte independência em suas essências. Em principio, parece respeitar a importância das decisões autônomas das universidades, concordando com um plano estratégico que está baseado em suas missões e perfis. Contudo, com os múltiplos indicadores estabelecidos com rigoroso monitoramento e avaliação por um longo período, as universidades poderão perder flexibilidade em suas decisões institucionais.
 
Os indicadores estabelecidos poderão levar a uma padronização similar na abordagem da internacionalização, especialmente entre as principais universidades de pesquisas selecionadas como instituições de “Tipo – A.” A maior parte dos indicadores selecionados do governo são numéricos, o que torna a comparação fácil entre uma universidade e outra e muitas vezes emulam os indicadores usados para os rankings internacionais.
 
Além disso, outra parte do projeto atual pode ser um problema entre as universidades japonesas. Incluindo o financiamento atual, um número limitado de universidades — principalmente, aquelas abrangentes de grande escala e prestígio — têm recebido continuamente financiamento competitivo do governo para a internacionalização. Enquanto tais universidades têm gradualmente desenvolvido sistemas internos e capacidades administrativas para reforma universitária e internacionalização, as outras têm sido deixadas de fora. Em paralelo com este projeto “Top Universidade Global,” o governo está direcionando a discussão sobre a diversificação funcional e também a reestruturação de todo o sistema educacional. Embora seja difícil para o governo fornecer financiamento para todas as universidades para que atinjam o status de “classe mundial” ou para que se tornem internacionalizadas, é indesejável deixar a maioria dos estudantes neste país fora do ambiente de aprendizado internacional. 
 
Embora existam preocupações potenciais, este projeto fornecerá ideias e caminhos para que se alcance a internacionalização e a reforma universitária, tanto para as universidades selecionadas como para aquelas não escolhidas. Os planos das universidades e os resultados da seleção estão online e os relatórios finais e interinos pelas instituições estarão também publicados online em japonês e parcialmente em inglês. Com a transparência de toda a seleção e processos de avaliação do projeto atual, o governo e universidades deverão fazer esforços adicionais para disseminação de boas práticas das reformas de internacionalização.      
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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