11/08/2015

International Higher Education | 81

Os Estados Unidos são os melhores do mundo? Não em internacionalização

Madeleine F. Green
Conselheira sênior na Associação Internacional de Universidades e na NAFSA, Associação Internacional de Educadores. Uma versão longa deste artigo foi publicada no NAFSA’s e-publication, Tendências e Insights. E-mail: madeleinefgreen@gmail.com
A narrativa americana de seu sistema de ensino superior “é a melhor do mundo.” Esta afirmação se baseia em grande parte nos resultados de pesquisas dos EUA, mas as nações estão preenchendo as lacunas. Os Estados Unidos podem reivindicar qualquer preeminência mundial na internacionalização? Dados da 4ª Pesquisa Global de Internacionalização do Ensino Superior — conduzida pela Associação Internacional de Universidades (IAU), apresenta uma oportunidade única de comparação das percepções e praticas americanas com aquelas de outros países e sugere a que a resposta a esta pergunta é não.
 
A pesquisa do IAU
Conduzida em 2013, a pesquisa apresentou respostas de um total de 1,336 instituições em todo mundo (aproximadamente um índice de 20% de resposta), dos quais 209 foram dos Estados Unidos (aproximadamente um índice de resposta de 14%). Para a comparabilidade dos dados com a população mundial de instituições que o IAU pesquisou as faculdades comunitárias não foram incluídas no grupo de pesquisa dos EUA. Dentro do grupo de respondentes dos EUA, 49 por cento eram instituições de concessão de doutorado; 26 em nível de mestrado, e 25 por cento de concessão de bacharelado apenas. Cerca de 60 por cento eram privadas para fins lucrativos; e 42 por cento públicas. A população de respondentes do IAU incluiu 66 por cento de instituições de doutorado.
 
O relatório integral analisa os resultados globais, assim como os regionais, e ressalta mudanças de pesquisas anteriores. Nas análises regionais, os Estados Unidos e o Canadá compõem a região da América do Norte. Dos 253 respondentes na América do Norte, 209 eram dos Estados Unidos.
 
Este resumo enfoca um grupo seleto de respostas a perguntas sobre o compromisso institucional geral com a internacionalização, incluindo as percepções do compromisso da liderança, a presença de uma estratégia de internacionalização, e auxilio a infraestrutura. Também examina o interesse nos Estados Unidos por parte de instituições em outras regiões, como foco de seus esforços de internacionalização, bem como metas geográficas de interesse para as instituições dos Estados Unidos.
 
Estratégia de internacionalização
Se por um lado a imensa maioria de instituições americanas mencionou a internacionalização em suas declarações de missão e / ou plano estratégico, os respondentes dos EUA apresentaram menos probabilidades de assim o fazerem que todos os outros respondentes (86% vs. 92%). (Observem que “todos os respondentes” ou “respondentes globais” inclui os respondentes dos EUA.) Os respondentes dos EUA foram os menos prováveis de todos os respondentes a indicar se suas instituições tinham um plano estratégico para a internacionalização (43% vs. 53%). Cerca de uma proporção igual de respondentes Americanos e todos os respondentes indicaram que tal plano estava sendo preparado (22% para os Estados Unidos comparados a 23% para todos os outros). É interessante perceber que de todas as regiões, A Europa foi a que mais provavelmente apresentou uma estratégia estabelecida (61%). 
 
A diferença mais marcante é a proporção de instituições americanas que não possui uma estratégia de internacionalização (15%) — dobra com relação a todas as outras instituições de respondentes (7.5%). 
 
Algumas instituições escolhem incorporar a internacionalização em seu plano geral em vez de criar um plano separado para internacionalização. Uma proporção ligeiramente mais baixa de todas as instituições americanas reportou ter a internacionalização como parte de suas estratégias institucionais gerais (16% vs19%).
 
A importância da internacionalização para líderes institucionais
Os resultados sobre a estratégia institucional alinham-se com o nível relativo de importância da internacionalização para os líderes institucionais. Os respondentes relataram que os líderes institucionais dos EUA menos provavelmente atribuiriam um elevado nível de importância à internacionalização quando comparado a todos os respondentes. 60% de todos os respondentes indicaram que a internacionalização era de grande importância para seus líderes institucionais, comparado a 53 por cento dos respondentes dos EUA. Mais do dobro dos respondentes dos EUA quando comparado com todos os respondentes indicaram que a internacionalização era de pouca importância para os líderes institucionais (11% a 5%).
 
Estratégias a internacionalização e apoio à infraestrutura 
A capacidade institucional para apoiar a internacionalização é outra medida útil do comprometimento institucional com a internacionalização. As instituições dos EUA foram as que menos provavelmente apresentaram quaisquer mecanismos comuns de suporte a infraestrutura para a internacionalização, incluindo um departamento especifico, orçamento, monitoramento ou estrutura de avaliação, metas explicitas ou benchmarks. Além disso, as instituições dos EUA foram as menos prováveis a incluir uma dimensão internacional em políticas institucionais.
 
Prioridades geográficas da internacionalização
Como cada vez mais as instituições estão centrando seus esforços de internacionalização em regiões geográficas especificas. Um pouco mais da metade das instituições dos Estados Unidos (52%) indicaram ter prioridades geográficas especificas para a internacionalização quando comparado a 60 por cento de todos os respondentes. As instituições europeias do ensino superior foram as que mais provavelmente apresentaram tais prioridades (66%) e as instituições africanas do ensino superior foram as que menos demonstraram estes aspectos (44%).
 
A pesquisa do IAU revela que a cooperação com a América do Norte não é uma prioridade para a maioria das regiões. Um resultado importante é que a cooperação intra-regional foi a prioridade do topo do ranking para África, Ásia, o Pacifico e a Europa. A Europa foi uma das principais prioridades para os respondentes da América Latina, do Caribe e do Oriente Médio. Apenas os respondentes da América Latina e do Caribe indicaram que a América do Norte era a principal prioridade regional para a internacionalização. A América do Norte foi classificada em segundo lugar pelo Oriente Médio e em terceiro lugar para África, Ásia o Pacífico e Europa. 
 
Cerca da metade dos respondentes americanos classificaram Ásia e o Pacifico como uma de suas três principais prioridades geográficas (primeiro por 34% dos respondentes, segundo por 11% e terceiro por 4%). A segunda prioridade regional geral, a América Latina e o Caribe não foram tão fortes, com um total de 38%, classificada como uma de suas três principais prioridades geográficas. Apenas 7% foram classificadas em primeiro, 17 por cento em segundo, e 14 por cento em terceiro.
 
A Ásia e a região do pacifico foram a região de principal prioridade da América do Norte para o recrutamento de estudantes internacionais. A América Latina e o Caribe foram classificados em segundo e o Oriente Médio em terceiro. Se examinarmos em direção oposta, nenhuma região selecionou a América do Norte como sua principal região alvo para o recrutamento de estudantes internacionais.
 
Conclusão
A pesquisa global do IAU revela que as instituições dos Estados Unidos não atribuem a internacionalização como alta prioridade, como outras ao redor do mundo e que são menos prováveis de apresentar um plano estratégico para a internacionalização já existente ou em desenvolvimento e que seus líderes são vistos como aqueles que atribuem menos importância para a internacionalização. Em todas as medidas de suporte à infraestrutura, as instituições dos Estados Unidos ficam a trás, incluindo a probabilidade de se ter uma um departamento especifico, um orçamento especifico, monitoramento e sistema de avaliação, ou metas explicitas ou benchmarks.
 
Um ponto admirável para os Estados Unidos é seu status relativo como uma prioridade potencial para os esforços de internacionalização de instituições de outras regiões. Quando as instituições realmente olham para fora de suas regiões, A América do Norte não é geralmente a primeira escolha. A Europa é a primeira ou a segunda para todas as regiões, exceto a América do Norte. Dados da pesquisa do IAU sugerem que os Estados não podem depender na velha narrativa que norteiam os rumos no ensino superior. Instituições e governos em todo mundo estão intensificando suas políticas de internacionalização e estratégias. Os Estados Unidos estão prontos para encarar esse desafio?
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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