O declínio da credibilidade das universidades é irreversível?

Quando as sociedades modernas se moveram rumo a um conjunto de condições, frequentemente chamadas de “sociedade do conhecimento,” a esperança era que as universidades fossem as vencedoras desta tendência. Alguns especialistas advertiram: As Universidades perderão seus papeis de monopólio ou de oligopólio na produção do conhecimento e utilização e manterão apenas o único poder de conceder diplomas. Entretendo, até mesmo esse poder já não está tão garantido assim, pois a confiança na validade de suas avaliações é questionada. 

 

Em anos recentes, uma inflação de avaliações ocorreu na academia: indicadores, avaliações, revisões, rankings, classificações e testes, etc. A credibilidade de tais avaliações está em declínio porque as universidades cederam a pressões de avaliações ruins, em vez de reagir coletivamente. Por exemplo, criadores irresponsáveis de rankings tiveram êxito de modo geral ao ditarem critérios irregulares de universidades de classe mundial. Além disso, enfatizam com sucesso o ponto de vista de que o futuro do ensino superior e da pesquisa dependem de sua elite, enquanto que o ensino superior de massa é residual.

 

Semelhantemente, as universidades cederam com relação à noção de que acadêmicos devem lutar por visibilidade em publicações periódicas revistas pelos pares, assim indicando suas produtividades. Mais uma vez, aceitaram de modo geral que as listas irregulares dos principais periódicos são manipuladas. Assim, enfatizam o ponto de vista de que a qualidade de acordo com os conceitos internos da academia é importante e a relevância pode ser ignorada na sociedade do conhecimento.

 

Há um problema adicional de natureza estrutural: As universidades podem preservar a confiança relativa ao principal elemento de avaliação do estudante — isto é, a concessão de diplomas? Na verdade, os planos de estudos dos cursos se tornam mais flexíveis. Alguns estudantes adquirem competências relevantes antes da admissão e recebem crédito por aprendizagens anteriores. A mudança de uma universidade para outra durante os planos de estudo, uma tradição bastante apreciada na Alemanha, torna-se mais popular em vários países. Estágios — isto é, períodos de aprendizado e experiência fora do ensino superior — muitas vezes tornam-se obrigatório. As oportunidades aumentam quanto aos cursos individuais em outras universidades — por exemplo, através de Cursos Online Abertos e Massivos, do inglês Massive Open Online Course (MOOC). Períodos de estudo no exterior ganham popularidade. Em resumo, a proporção do tempo de estudo na instituição de concessão de diploma diminui. Como consequência, as universidades poderão perder suas credibilidades. Suas capacidades podem ser questionadas quanto à avaliação adequada das competências adquiridas em diferentes locais. Como consequência, uma necessidade poderá ser detectada para as organizações encarregadas da consultoria e avaliação dos estudantes, que são independentes das universidades.

 

As instituições do ensino superior se deparam com o declínio do status relativo à sociedade do conhecimento, não apenas como consequência de suas limitadas participações na produção do conhecimento geral e disseminação — mas também devido ao declínio na confiança relacionada à forma com que acadêmicos e instituições avaliam adequadamente resultados de pesquisa, ensino, e aprendizagem. As inúmeras avaliações, rankings e indicadores na realidade podem ser cada vez mais controlados externamente, se as distorções visíveis não puderem ser neutralizadas pelas universidades e profissão acadêmica. Além disso, a última reserva de poder acadêmico — aquele de conceder diploma poderá também sofrer erosão, se o contexto em mutação do ensino e aprendizado não levar a novos caminhos de orientação e avaliação.

 

Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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