27/01/2015

International Higher Education | 77

Estudantes de pós graduação em programas no exterior: uma tendência emergente?

John M. Dirkx, Kristin Janka Millar, Brett Berquist e Gina Vizvary
John M. Dirkx é professor, departamento de Administração Educacional, Faculdade de Educação, Michigan State University, East Lansing. E-mail: dirkx@msu.edu. Kristin Janka Millar, diretora do setor de integração internacional, Honors College, Michigan State University. E-mail: kristin@msu.edu. Brett Berquist, diretor executivo Agência de Estudos no Exterior, Michigan State University. E-mail: berquis6@msu.edu. Gina Vizvary é pesquisadora assistente do Departamento de Administração Educacional, Michigan State University. E-mail: vizvaryg@msu.edu
Os avanços em tecnologia, a crescente diversidade de nossa população e as influências da globalização estão precipitando mudanças dramáticas na política e práticas do ensino superior e nos estudos de pós graduação em especial. Nos últimos anos, tem-se registrado um aumento contínuo nos números de estudantes de pós graduação engajados em estudar no exterior e de programas e disciplinas que oferecem essas oportunidades. Cada vez mais, as instituições de ensino superior veem os programas de ensino no exterior como um importante meio de internacionalização. Nos Estados Unidos, muitas escolas profissionais e programas de pós graduação estão criando experiências internacionais que variam de curto prazo, programas dirigidos pela faculdade, estudo independente e pesquisa, programas de licenciatura dupla e conjunta. Em outros países, os estudos de pós graduação no exterior colocam mais ênfase nas abordagens individuais. Apesar do aumento desta atividade, sabemos muito pouco sobre a natureza de tais experiências e os resultados de aprendizado dos estudantes.
 
Diferenças nos estudos de graduação e pós graduação no exterior
Apesar de similares com relação a muitos aspectos aos programas de graduação no exterior, os programas no nível de pós graduação no exterior devem representar uma experiência fundamentalmente diferente. Como adultos, os estudantes de pós graduação muitas vezes contribuem com anos de trabalho professional e experiência de vida para seus estudos e tendem a ser mais maduros que os estudantes da graduação. A idade média de um estudante de pós graduação nos Estados Unidos é de 34 anos, pelo menos 10 anos mais velho que um típico estudante de graduação. Os programas de pós graduação são tipicamente mais especializados e centrados em disciplina profissionais tais como educação, direito, medicina, negócios, ou serviço social. Tais diferenças apresentam implicações importantes para criação, facilitação, e avaliação de experiências internacionais para os estudantes de pós graduação. Então o que é o programa de estudos de pós graduação no exterior?
 
Nova pesquisa sobre os estudos de pós graduação no exterior
Um novo projeto—As Experiências de Aprendizado de Pós Graduação e Estudo de Resultados, conduzido pela Michigan State University— visa a compreensão do cenário das oportunidades do aprendizado internacional oferecidas no nível de pós graduação. Este ano passado, uma pesquisa online foi realizada com 15 instituições de pesquisa no centro oeste e com a Universidade de Nova York, que fornecem informações em 172 experiências de grupo dirigidas pela faculdade para estudantes de pós graduação. As constatações do estudo indicam que os estudantes profissionais e estudantes de pós graduação participam em um conjunto diverso de experiências, por toda uma variedade disciplinas acadêmicas. Os programas incluem uma combinação de estudantes com diferentes níveis de preparação educacional, com cerca da metade sendo restritos aos estudantes em nível de pós graduação. Tais programas também tendem a ter uma duração de menos de quarto semanas, sendo compostos de 6 a 20 estudantes. Poucos programas apresentam um requisito de língua estrangeira para participação. A maioria é oferecido para crédito acadêmico e recebem suporte da agência de estudos no exterior de suas instituições. De um modo geral, os estudantes devem contribuir com parte ou com todos os custos do programa; e embora o suporte financeiro por uma organização no país anfitrião é muito raro, a maioria dos programas estabelecem parcerias com organizações no país anfitrião, tais como clinicas de saúde, hospitais, universidades, empresas e instituições sem fins lucrativos locais.
 
Os estudantes que participam em tais programas vão para 59 países diferentes, mas, de longe, a China é o destino mais frequente, seguido da França, Brasil, Alemanha, Itália, Inglaterra, África do Sul, Japão, Gana e Índia. Quando no país, os estudantes ficam em hotéis locais, ou outras acomodações turísticas tais como hospedagem e café da manhã e participam de uma ampla variedade de atividades, incluindo palestras e apresentações e de um leque de atividades experimentais —incluindo envolvimento com a comunidade, viagens acadêmicas de campo, viagens culturais de campo, pesquisa, serviço, trabalho voluntário, discussões de grupo, observações guiadas, geralmente debatidas uma “única vez” e atividades de reflexão em nível de grupo ou individual.   Reportados à faculdade, os programas são conduzidos para que possam contribuir com outra faculdade no exterior, ajudar os estudantes a se prepararem para carreiras internacionais, criar uma presença global para a universidade, desenvolver parcerias globais, aumentar o número de estudantes que vão ao exterior e ajudar os estudantes a desafiarem suas percepções. Suas escolhas de país refletem suas paixões por uma região em particular ou país.
 
Tendências e compensações
Programas de estudos em nível de pós graduação no exterior, estão se tornando cada vez mais comum e um importante meio de internacionalização do ensino superior. Como evidenciado pelo Estudo de Resultados e Experiências de Aprendizagem do Programa de Pós Graduação, nos Estados Unidos, os programas de estudo em nível de pós graduação tendem a ser compostos de pequenos grupos de estudantes de pós graduação, conduzidos pela faculdade e com uma duração de três ou quatro semanas. O curto espaço de tempo no país anfitrião modela os tipos de oportunidades que são possíveis. Quando os programas são estruturados para que o grupo sempre viaje junto ou fique em hotéis ou acomodações turísticas, a oportunidade de desafiar a perspectiva de alguém poderá ser limitada. Embora este arranjo possa limitar a imersão do grupo no país anfitrião, ela realmente fornece uma “experiência dentro do grupo” de 24/7 que poderá ser poderosa pessoal e profissionalmente para os estudantes de pós graduação participantes. O potencial de aprendizado profundo é aumentado quando os participantes nesses grupos representam diferentes disciplinas e nacionalidades.
 
Pesquisa futura
Porém, o que faz dos programas de estudo no exterior uma experiência de nível de pós graduação? Por que os programas de pós graduação se incomodariam em criar e implementar tais experiências para seus estudantes? Embora o desenvolvimento profissional e aprendizado global pareçam ser resultados louváveis para tais programas, eles sozinhos não parecem estabelecer uma distinção entre o programa de estudos de pós graduação e o programa de graduação. Dado os números de programas e o envolvimento dos estudantes, precisamos saber mais sobre o que distingue tais atividades quanto as experiências em nível de pós graduação. A pesquisa se faz necessária para compreendermos como essas experiências contribuem para preparação em nível de pós graduação e como o conteúdo acadêmico e as disciplinas podem influenciar os resultados do aprendizado, associados com tais experiências. Precisamos saber mais sobre como os números crescentes de estudantes internacionais que participam desses programas estão influenciando a natureza do aprendizado derivado de todos os estudantes. Finalmente, precisamos saber mais sobre as experiências individuais (versus grupo) e os estudos de pós graduação internacional, comparativamente em todo o mundo. A abordagem de pesquisa individual é proeminente em muitos sistemas educacionais e poderemos ganhar conhecimento valioso através do aprendizado de como os outros países estruturam tais programas de pós graduação.
 
Conclusão
As experiências dos estudos de pós graduação deveriam complementar e aprofundar o aprendizado que ocorre dentro do programa de pós graduação de um estudante. Porém, quais são os indicadores de tais experiências? Como poderemos saber se os programas de pós graduação no exterior estão verdadeiramente alcançando tais resultados ou se são apenas extensões de programas de estudo no exterior de curta duração dirigidos pela faculdade e em nível de pós graduação? Dada as dramáticas mudanças no horizonte para o ensino de pós graduação, de que maneira os programas poderão usar as experiências internacionais para enfocar as necessidades resultantes dessas mudanças? Nosso trabalho levanta mais questões para as quais fornece as respostas, mas esperamos que tais descobertas providenciem as bases para uma exploração interessante dos objetivos e escopo dos programas de estudo no exterior em nível de pós graduação.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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