27/01/2015

International Higher Education | 77

Economias mundiais e a distribuição de programas de extensão de universidades

Li Zhang, Kevin Kinser e Yunyu Shi
Li Zhang é doutorando no Departamento de Administração Educacional e Estudos de Política e pesquisador assistente para a Equipe de Pesquisa Educacional Transfronteiras (C-BERT) Na Universidade do Estado de Nova Iorque em Albany. E-mail: lzhang6@albany.edu. Kevin Kinser é professor associado e diretor do Departamento de Administração Educacional e Estudos de Política e co-diretor do C-BERT na Universidade do Estado de Nova Iorque em Albany. E-mail: kkinser@albany.edu. Yunyu (Stephanie) Shi é acadêmica visitante no Departamento de Administração Educacional e Estudos de Política e pesquisadora do C-BERT na Universidade do Estado de Nova Iorque em Albany. E-mail: stephaniesyy@hotmail.com
A extensão internacional de universidades se tornou um símbolo da internacionalização do ensino superior nos últimos anos. Talvez devido aos países exportadores, predominantemente o Reino Unido, os Estados Unidos, e a Austrália, muitos acreditam que a exportação do ensino superior flua de países desenvolvidos em direção aos países em desenvolvimento, na direção Ocidente-Oriente. Todavia, ao analisar dados provenientes da Equipe de Pesquisa Educacional Transfronteiras (C-BERT) da Universidade do Estado de Nova Iorque em Albany em associação ao cenário econômico fornecido pelo Forum Econômico Mundial, observamos a ampliação da extensão internacional de universidades em todo o mundo. Existem padrões distintos entre países de acolhimento e os países de origem, e o interesse demonstrado pelas nações em receber filiais internacionais está relacionado à competitividade econômica.
 
Índice de competitividade global de acordo com o Forum Econômico Global
Desde seu desenvolvimento, em 2004, o índice de competitividade do Forum Econômico Global foi amplamente utilizado para mensurar e comparar a produtividade e prosperidade econômica dos países. São utilizados 12 índices para mensuração de competitividade, para categorizar os países em três tipos de economia. Os índices são estabelecidos para descrever a competitividade econômica em um país com maior precisão quando comparado à categorização controversa entre países desenvolvidos ou emergentes.
 
Os primeiros quatro pilares – instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico, além de saúde e educação primária—criam uma economia baseada em recursos. Cinquenta e oito países pertencem a esta categoria, na qual são utilizados baixos salários e recursos naturais para vantagens competitivas. Uma segunda categoria, de 53 economias baseadas em eficiência são determinadas por seis pilares diferentes: ensino superior e proficiência, eficiência de mercado satisfatória, eficiência no mercado de trabalho, eficiência no mercado financeiro, desenvolvimento tecnológico, e tamanho do mercado. Estes países competem através do desenvolvimento de força laboral capacitada e produtos de qualidade superior. Finalmente, economias baseadas em inovação dependem de sofisticação nos negócios e inovação como seus dois pilares principais, de forma a incrementar o desenvolvimento econômico. Trinta e seis países se enquadram como economias movidas a inovação por seus processos de produção avançados e pela capacidade em criar produtos diferenciados.
 
A competitividade do ensino superior geralmente está diretamente relacionada à competitividade econômica, porém este nem sempre é o caso. Por exemplo, Bahrain é considerado como uma economia movida pela inovação, porém sua competitividade em ensino superior está classificada em 53o lugar entre 147 países. Barbados, Estônia, Lituânia, Costa Rica, Polônia, Chile, e Letônia são economias movidas pela eficiência, porém sua competitividade no ensino superior está pareada àquela das economias movidas pela inovação. Seguindo o mesmo raciocínio, a Arábia Saudita, Brunei, Sri Lanka, Filipinas, Venezuela, e Armênia são economias baseadas em recursos com educação superior considerada mais competitiva quando relacionada a diversos países cujas economias são movidas pela eficiência.
 
Universidades com ramificações internacionais
O C-BERT identificou 201 ramificações internacionais de universidades que operam no mundo todo. Utilizando o cenário econômico do Forum Econômico Mundial, estas universidades foram agrupadas em 9 categorias com base na classificação entre países com filiais e sedes, bem como nas classificações econômicas movidas a recursos, eficiência ou inovação.
 
Existe um total de 12 ramificações internacionais de universidades estabelecidas por 5 economias movidas a recursos—estão neste grupo a Índia, o Irã, Paquistão, Filipinas, e Venezuela. Todas as economias movidas a recurso estabelecem suas filiais em economias movidas a inovação, ao invés de fazê-lo em outras economias baseadas em recurso ou eficiência. Os Emirados Árabes Unidos (UAE) são o maior importador, abrigando oito de tais ramificações internacionais, enquanto a Índia se torna a maior economia exportadora baseada em recurso, possuindo 9 ramificações no mundo todo, com predominância nos UAE.
 
Sete economias movidas a eficiência abriram um total de 21 ramificações universitárias internacionais. Entre estes países estão a China, Malásia, Rússia, Chile, México, Líbano, e Estônia. Diferentemente das economias com base em recursos, tais universidades provenientes de países cujas economias são movidas pela eficiência são distribuidas grosseiramente entre três tipos de economias: 7 ramificações são estabelecidas em economias baseadas em recursos, 8 em economias movidas pela eficiência, e 6 em economias movidas pela inovação. É importante notar que estas economias movidas pela eficiência tendem a estabelecer suas universidades nos países vizinhos, ou dentro da mesma região. Por exemplo, a Rússia possui ramificações de universidades na Armênia, Ucrânia, Usbequistão, Azerbaijão, Casaquistão, e Tajiquistão, que previamente compunham parte da União Soviética. Quando países vizinhos apresentam um setor de educação superior com menor competitividade e compartilham cultura e idioma, existe um risco menor em abrigar filiais quando em comparação ao mesmo processo realizado em locais mais distantes.
 
A maioria das ramificações universitárias internacionais, no entanto, estão estabelecidas em economias movidas à inovação: 168 em um total de 201 de tais universidades no mundo todo. As economias movidas pela inovação dos Estados Unidos, Reino Unido, França, e Austrália, são consideradas como os maiores exportadores do ensino superior. Somente os Estados Unidos possuem 77 ramificações universitárias espalhadas pelo mundo, o que representa uma quantidade maior em comparação àquela estabelecida pelo Reino Unido, França, e Austrália juntos. Somente 11 destas ramificações internacionais estão estabelecidas em países cujas economias são baseadas em recursos, enquanto 66 estão estabelecidas em economias movidas pela eficiência e 91 estão estabelecidas em economias movidas pela inovação. Entre estas ramificações de universidades espalhadas pelo mundo, a exportação proveniente de economias movidas pela inovação para outras economias movidas pela inovação estabelecem relação mais frequente.
 
Os Emirados Árabes Unidos, Singapura, e o Catar são as maiores economias movidas pela inovação que abricam ramificações universitárias internacionais. Estes três países almejam se tornar polos regionais ao estabelecer políticas preferenciais para instituições estrangeiras. China e Malásia são as maiores economias movidas pela eficiência que importam ensino superior proveniente de países de inovação. O governo chinês encoraja o “ingresso” da educação estrangeira para aperfeiçoar a qualidade de próprio ensino superior, e planeja hospedar mais 5 a 10 ramificações universitárias na próxima década. A Malásia aspira tornar-se um polo regional ao convidar instituições internacionais a abrir filiais de universidades em polos como Iskandar e Cidade Universitária de Kuala.
 
Conclusão
O foco deste estudo não se estabelece em países específicos, mas no interesse global no fenômeno de exportação do ensino superior sob a visão do Forum Econômico Global. A análise apresenta um cenário de mobilidade institucional, diferentemente de um modelo desatualizado que presume fluxos predominantes de países desenvolvidos para países em desenvolvimento. A maioria das ramificações universitárias internacionais foi estabelecida entre países cuja economia era movida pela inovação, assim como algumas economias baseadas em recursos ou eficiência que estenderam sua presença às economias movidas pela inovação. É importante entender a miríade de razões pelas quais as economias emergentes recebem tais universidades, e como este fenômeno poderá refletir o curso de desenvolvimento nacional destes países. A demanda não suprida por educação possui alto impacto na construção de uma força de trabalho competitive, principalmente quando associada a incentivos de ordem regulatória que encorajam investidores estrangeiros na provisão direta de educação. A universidade multinacional poderá refletir nas respostas corporativas de economias dominantes neste cenário.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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