27/01/2015

International Higher Education | 77

Docentes internacionais convidados: circulação de cérebros e internacionalização

Yukiko Shimmi
Professora assistente na Faculdade Direito, Universidade Hitotsubashi, Tóquio, Japão. E-mail: yshimmi@gmail.com
Docentes internacionais convidados são cientistas e professores que se apresentam em universidades em outros países para se engajarem temporariamente em pesquisa e ensino, embora mantenham suas afiliações e posições em suas universidades de origem, retornando-as após seus respectivos períodos de visita. Geralmente são pós graduados em nível de doutorado ou profissionalmente treinados. Diferentes de estudantes internacionais, acadêmicos visitantes vêm e partem conforme suas próprias agendas. A duração de suas visitas varia de vários meses a alguns anos. Embora alguns estejam sozinhos, outros viajam com membros da família. Alguns são jovens acadêmicos, enquanto outros são professores sênior. Suas experiências internacionais acadêmicas anteriores também poderão variar. Apesar do fato de existir um grande número de visitantes acadêmicos em nível global, atenção limitada tem sido dedicada aos mesmos.
 
Os procedimentos de candidatura e taxas para um candidato a docente visitante variam entre instituições, departamentos e até mesmo entre programas acadêmicos. Algumas universidades oferecem programas que disponibilizam eventos, seminários e outros suportes, enquanto outras fornecem muito pouco. Docentes internacionais convidados dependem geralmente de uma ou mais fontes de financiamento, incluindo suas instituições de origem e instituições anfitriãs, subvenções governamentais e privadas, bolsas de estudos; às vezes usam as próprias economias para complementar suas rendas enquanto vivem no exterior. Dada as variações de origens e situações destes acadêmicos, as experiências como docentes internacionais convidados poderão ser bastante diferentes para muitos deles.
 
Embora alguns países ou programas individuais de bolsas reportem o número de Docentes internacionais convidados, a maioria dos países não reportam quaisquer informações quanto a estes números. De fato, a UNESCO e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento não apresentam dados, com relação a acadêmicos internacionais em seus relatórios anuais. Quanto a tendência de docentes internacionais convidados nos Estados Unidos, é útil compreender as diferenças e tendências das três categorias de visto J-1 de intercâmbio, ou vistos emitidos para pessoas que participarão em intercâmbio educacional ou cultural nos Estados Unidos: professores e pesquisadores acadêmicos cada um está autorizado a permanecer de seis meses a cinco anos e acadêmicos de curto período têm a autorização para permanecer por menos de seis meses. Embora esse grupo maior de acadêmicos com vistos J-1 não corresponda precisamente as características do grupo I —estudadas com filiações acadêmicas, estes dados fornecem a tendência do grupo de pessoas que largamente sobrepõe a população de Docentes internacionais convidados.
 
O Instituto de Educação Internacional relatou em 2011 que havia 1,369 professores, 26,370 pesquisadores e 18,106 acadêmicos de curto período com vistos J1 em 2009 nos Estados Unidos. Docentes visitantes chineses eram o maior grupo dentre as três categorias, e este número tem aumentado consideravelmente em anos recentes. A Índia também moderadamente aumentou o número de acadêmicos durante o mesmo período. Por outro lado, outros países líderes no envio de acadêmicos com vistos de intercâmbio J1 — incluindo a Coréia do Sul, Japão, Alemanha, Itália, França, Brasil e Espanha diminuíram seus números de pesquisadores acadêmicos, aumentando simultaneamente os números de acadêmicos de curto período. Embora existam algumas diferenças por país de origem, parece existir uma tendência de que o número de visitas de curto período está aumentando, como relação o número de visitas de longo período.
 
Flexibilidade: oportunidades ou desafios?
Por não terem responsabilidades especificas em suas universidades anfitriãs, os docentes convidados são bastante flexíveis no que diz respeito as atividades durante as visitas, podendo desfrutar das oportunidades nas universidades de anfitriãs, utilizando a presença física para usar os recursos da biblioteca, examinar cursos, participar em seminários e interagir com professores e estudantes. Enquanto muitos deles usam seus períodos para suas pesquisas individuais, alguns poderão participar de projetos de pesquisa em colaboração nas universidades anfitriãs, envolverem-se com atividades de ensino ou trabalhar nas relações institucionais entre as universidades de origem e as anfitriãs.
 
Embora em grande parte os acadêmicos possam decidir em quais atividades desejam se engajar durantes suas visitas, a falta de estrutura poderá apresentar desafios para alguns deles. Os acadêmicos deverão tomar iniciativas no sentido de buscar ativamente as oportunidades nas universidades anfitriãs; do contrário, poderão subutilizar as oportunidades, sentirem-se isolados da comunidade, a menos que de modo consciente tentem interagir com outros acadêmicos. Embora exista suporte para os docentes convidados, no sentido de promover interações com outros acadêmicos e estudantes em algumas universidades, tais arranjos dependem muitas vezes dos acadêmicos individualmente. A descoberta de oportunidades de interação pode ser em especial desafiadora para aqueles que não tiveram experiências acadêmicas internacionais anteriores, ou networking existente com acadêmicos na universidade de acolhimento, ou para aqueles que não se sentem confortáveis com o uso da língua nativa do país anfitrião. Essa questão pode ser em especial relevante para acadêmicos nas áreas de humanas e ciências sociais que não trabalham em laboratórios, o que permite aos acadêmicos verem outros membros em bases diárias.
 
Circulação de cérebros e internacionalização
A Importância de estudar e servir a esta população pode ser discutida da perspectiva da circulação de cérebros e internacionalização. Docentes internacionais convidados que temporariamente visitam os países anfitriões, e retornam aos seus países de origem são considerados como uma forma de circulação de cérebros de curto período. Diferente da fuga de cérebros ou ganho de cérebros, a circulação enfatiza os benefícios potenciais tanto para os países de envio como para os países de acolhimento como consequência da movimentação contínua e circular de acadêmicos. Estudos anteriores têm discutido os benefícios da circulação de cérebros de curto período, tais como o desenvolvimento de networks acadêmicas internacionais, transferência de conhecimento e intercâmbio, além da adição de capital humano através da mobilidade de retorno. Para percebermos plenamente os benéficos potenciais da movimentação circular de Docentes internacionais convidados, estudos posteriores e medidas em matéria de política com relação à população são cruciais.
 
Da perspectiva da internacionalização do ensino superior, Docentes internacionais convidados são relevantes em algumas abordagens principais na internacionalização de universidades. Como participantes nos intercâmbios acadêmicos internacionais nas universidades, eles podem potencialmente estimular as conexões internacionais de acadêmicos em universidades em outros países. Também poderão se engajar na pesquisa internacional em colaboração durante suas visitas. Ademais, suas experiências internacionais criam importantes oportunidades de aprendizado para ampliar suas perspectivas pessoais e profissionais. Como membros docentes, suas experiências acadêmicas internacionais podem influenciar o ensino universitário através de suas instruções e currículos, que direta ou indiretamente afetam o aprendizado de seus alunos; em universidades que acolhem docentes internacionais, poderão representar os recursos para a internacionalização, ao se integrarem de maneira eficaz na comunidade.
 
Embora a circulação de cérebros e internacionalização evidenciem o uso potencial dos docentes internacionais convidados, iniciativas atuais nacionais e institucionais não têm dado muita atenção ao intercâmbio acadêmico internacional — quando comparado ao intercâmbio internacional estudantil. Embora existam iniciativas governamentais para docentes internacionais convidados, como os programas Fulbright do acadêmico visitante ou o Conselho de Bolsas da China, muitos acadêmicos visitantes movem-se individualmente com pouca relevância para as políticas nacionais e institucionais da internacionalização do ensino superior. O desenvolvimento de um sistema mais coordenado de intercâmbio acadêmico através de docentes internacionais convidados será mais significativo —não apenas para os acadêmicos individualmente, mas também para as instituições no sentido de aumentar a pesquisa e as capacidades do ensino, assim como a internacionalização geral das universidades.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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