10/04/2015

International Higher Education | 78

Consolidação do Programa de Mobilidade ERASMUS na Espanha durante a crise econômica

Adriana Pérez Encinas
Professora assistente e pesquisadora em ensino superior na Faculdade de Administração de Empresa e Economia, Universidad Autónoma de Madrid, Espanha. E-mail: adriana.perez.encinas@uam.es
O programa ERASMUS+ da Comissão Europeia, financiado durante o período de 2014-2020 e que inclui educação e treinamento, bem como atividades esportivas e para os jovens, está motivando milhares de estudantes europeus a realizarem parte de seus estudos no exterior. O programa recebeu um aumento significativo no orçamento — cerca de 40 por cento a mais — na verdade acima do que havia sido alocado para o antigo programa ERASMUS, que ao longo dos últimos 25 anos permitiu que mais de 3 milhões de estudantes estudassem no exterior como parte de seus programas de graduação em seus países de origem. A crise na Espanha está levando milhares de estudantes universitários a decidirem pela construção de um futuro melhor para si próprios, realizando estágios, parte de seus estudos, ou todo o processo de graduação em outros países europeus, ou até mesmo em outros continentes. Apesar do fato do tamanho da bolsa do programa ERASMUS ter sido reduzida a um semestre e de muitas famílias não poderem suportar facilmente este fardo econômico, a mobilidade ERASMUS está sendo consolidada como parte do currículo universitário espanhol.
 
A mobilidade ERASMUS dentro do currículo acadêmico
Da perspectiva dos estudantes, há quarto principais razões para participar do programa durante o processo de seus estudos: para melhorar seus programas acadêmicos, encontrar trabalho após os estudos, melhorar suas competências de língua estrangeira e adquirir uma perspectiva internacional e experiência. Todos estes fatores estão relacionados e ajudam aos jovens graduados a entrar no mercado de trabalho. Em um estudo conduzido entre 240 estudantes em mobilidade na Universidade Autónoma de Madri (com índice de resposta de 46 por cento) concluiu que 89 por cento dos estudantes pesquisados afirmou que ter participado em um programa de mobilidade os ajudaria a encontrar um emprego no futuro.
 
Em muitas universidades europeias, os estudantes são incentivados a concluírem parte de seus estudos no exterior. Sob o programa ERASMUS, os estudantes estão isentos do pagamento de taxas na universidade de acolhida e os créditos adquiridos são reconhecidos através de um acordo de aprendizagem assinado pelo estudante, a universidade de origem e a instituição de acolhida(s). A Comissão Europeia estabeleceu uma meta de 20 por cento de estudantes móveis até 2020. 
 
Na Espanha, assim como em outros países, a mobilidade ERASMUS não é um “período compulsório no exterior” no currículo acadêmico da maioria das instituições do ensino superior. Janelas de mobilidade como parte do currículo são acessadas predominantemente em bases voluntarias e como uma questão de iniciativa do estudante, facilitado pela instituição. Mesmo assim, muitos procuram se canditar em um programa de mobilidade para enriquecer seus currículos e desenvolver competencias que os distinguirão dos outros.
 
ERASMUS e a situação econômica
As últimas estatísticas da Comissão Europeia sobre mobilidade estudantil ERASMUS 2012-2013 revelou que um novo recorde tem sido alcançado, com o fato de o programa ter se tornado mais popular que nunca. Além disso, na mobilização, esta tendência crescente é vista tanto para fins de estudos como para estágios, que agora fazem parte do programa. A Espanha tem mantido sua posição de liderança como o país que mais envia e recebe estudantes do programa ERASMUS. No ano acadêmico de 2012-2013, 39,249 estudantes espanhóis se juntaram ao programa ERASMUS. Embora isto represente um por cento a menos com relação ao ano anterior, os dados confirmam que a mobilidade está sendo consolidada nas instituições do ensino superior espanhol, sendo uma parte implícita, porem importante, apesar da crise econômica. 
 
A Espanha parece ser um país que atrai talentos internacionais para suas universidades, empresas e instituições, bem como um país cheio de estudantes dispostos a conquistar experiência internacional e melhorar seus currículos. A principal preocupação agora não é o desejo dos estudantes de ir para o exterior e explorar novos horizontes, mas o orçamento insuficiente que recebem para cobrir suas despesas no país de acolhida. Isto significa que as famílias espanholas precisam fazer esforços financeiros para cobrir os custos do período de mobilidade a fim de investir no futuro de seus filhos.  
 
Além disso, o desemprego é uma das principais preocupações da juventude espanhola. A população da Espanhola é de cerca de 47 milhões de habitantes, porém mais de 25 por cento está desempregada e 53.5 por cento daqueles abaixo de 25 anos nunca trabalharam. Deste ponto de vista, não é surpreendente que os estudantes estejam procurando oportunidades de estudos e trabalho no exterior que os ajudará a encontrar trabalho quando de volta à Espanha.
 
Embora a economia e a situação do emprego na Espanha não tenham melhorado nos últimos anos, as solicitações de participação no programa ERASMUS têm permanecido estável ou até mesmo crescido. Em outras palavras, a mobilidade ERASMUS tem sido consolidada como parte do currículo espanhol, apesar das dificuldades econômicas e do desemprego. Estas são as principais razões que motivam os estudantes espanhóis a se juntarem ao programa ERASMUS, cujo principal objetivo é visto como uma forma de melhorar a empregabilidade do graduado.
 
Este texto foi traduzido e revisado sob a coordenação de
Sergio Azevedo Pereira
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