10/12/2013

revista Ensino Superior nº 11 (outubro-dezembro)

O programa da Unicamp para atrair professores estrangeiros

Professor Visitante do Exterior (PPVE) funciona como uma espécie de estágio para pesquisadores com sólida experiência internacional que pretendam concorrer a posições permanentes na instituição

Rachel Bueno
Contratar professores que atuam em outros países não é tarefa fácil para as universidades públicas do Brasil. Afora as barreiras linguísticas e burocráticas inerentes a qualquer processo de contratação de estrangeiros, existe, no caso específico dessas instituições, um obstáculo adicional que costuma afugentar até mesmo candidatos brasileiros radicados há muito tempo no exterior: o concurso público de provas e títulos. Para alguém que tenha construído sua carreira acadêmica nos Estados Unidos, por exemplo, onde a maioria das universidades seleciona os membros de seu corpo docente com base em análise de currículo e entrevistas, um simples edital de concurso já pode parecer bastante intimidador.
 
Na tentativa de contornar essas dificuldades, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) criou um programa de visitas de longa duração, batizado de Programa Professor Visitante do Exterior (PPVE), que funciona como uma espécie de “estágio” para pesquisadores com sólida experiência internacional que pretendam concorrer a posições permanentes na instituição. Os participantes do PPVE podem exercer atividades de ensino e pesquisa em faculdades e institutos da Unicamp por um período de um a dois anos, durante o qual recebem bolsas compatíveis com os salários inicias da carreira docente da universidade, além de outros benefícios. A Unicamp exige, como contrapartida à concessão das bolsas, que as unidades anfitriãs se comprometam a abrir concursos na área de todos os professores visitantes que forem bem avaliados durante sua participação no PPVE. Dessa forma, a universidade espera, por um lado, garantir que as unidades sejam criteriosas na escolha dos nomes que indicarão para o programa; e, por outro, dar aos estrangeiros e brasileiros repatriados um tempo precioso para que se (re)adaptem ao país, ao idioma e às práticas institucionais antes de encarar uma banca de concurso pela primeira vez.
 
Essa não é, contudo, a única função do PPVE. O programa também tem ajudado a antecipar o início das atividades na Unicamp de professores estrangeiros já aprovados em concurso que não podem ser contratados imediatamente por conta da morosidade do processo de concessão de vistos de trabalho. Para receber um visto desse tipo, o estrangeiro precisa de uma autorização especial do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que pode demorar meses para sair. Para entrar no PPVE, no entanto, basta-lhe um determinado tipo de visto temporário – o chamado Vitem I – emitido em questão de dias pelas representações consulares do Brasil no exterior.
 
De outubro de 2009 até o inicio de 2011, a Unicamp recebeu mais de 350 currículos de pesquisadores de todo o mundo O início
O PPVE foi estruturado para ser um programa aberto, sem prazo para apresentação de candidaturas nem número limitado de vagas a ser preenchidas. A ideia era que as faculdades e institutos da Unicamp pudessem indicar quantos nomes quisessem para o programa, desde que atendessem à exigência relacionada à abertura do concurso público. Por esse motivo, a universidade não lançou editais de chamada para o PPVE. Em vez disso, optou por publicar anúncios em revistas científicas de circulação mundial como Nature e Science, de caráter mais abrangente, e Physics Today e Communications of the ACM, direcionadas, respectivamente, a pesquisadores das áreas de física e computação.
 
Os anúncios começaram a ser publicados em outubro de 2009. Dali até o inicio de 2011, a Unicamp recebeu mais de 350 currículos de pesquisadores de todo o mundo. Esses currículos foram triados e encaminhados em grupos às faculdades e institutos que pudessem interessar-se por eles. Depois desses primeiros encaminhamentos, o esforço de divulgação do PPVE tornou-se desnecessário, pois as próprias unidades passaram a apresentar nomes de seu interesse à Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), órgão ao qual o programa está subordinado.
 
Números
Vinte professores visitantes foram admitidos no PPVE desde a criação do programa. Desse total, 13 tiveram de enfrentar um processo de seleção composto por três etapas – análise de currículo, visita de dois dias à Unicamp e avaliação de plano de trabalho pela congregação da unidade interessada – antes de assegurarem suas bolsas. Os outros sete entraram no programa pelo caminho inverso – ou seja, depois de terem sido aprovados em concurso – e em pouco tempo passaram para o quadro permanente da universidade.
 
1.      Balanço geral: naturalidade, forma de admissão no PPVE e perfil dos professores visitantes
 
Professor
Unidade
Naturalidade
Admissão
Perfil
Alan Hazell
FCM
Trinidad & Tobago
Convencional
MS-6
Alexandre Alexandrov
IFGW
Rússia
Convencional
MS-6
Andrew Nevins
IEL
Estados Unidos
Convencional
MS-5.1
Artem Lopatin
IMECC
Rússia
Convencional
MS-3.1
Cátia Ornelas
IQ
Portugal
Após concurso
MS-3.1
Dharam Ahluwalia
IMECC
Índia
Convencional
MS-6
Elizabeth Gasparim
IMECC
Brasil
Convencional
MS-6
Fanny Berón
IFGW
Canadá
Após concurso
MS-3.1
François Artiguenave
FCM
França
Convencional
MS-6
Jackson Megiatto
IQ
Brasil
Após concurso
MS-3.1
Lars Hoefs
IA
Estados Unidos
Após concurso
MS-3.1
Laura Moriyama
FCM
Brasil
Convencional
MS-3.1
Mario Bernal
IFGW
Cuba
Convencional
MS-3.1
Paulo Martins
FT
Brasil
Convencional
MS-3.1
Philip Macnaghten
IG
Reino Unido
Convencional
MS-6
Roberto Greco
IG
Itália
Após concurso
MS-3.1
Sergiy Kyrylenko
IB
Ucrânia
Convencional
MS-3.1
Simon Cämmerer
IQ
Alemanha
Após concurso
MS-3.1
Stefano Mambretti
FT
Itália
Convencional
MS-6
Susana Durão
IFCH
Portugal
Após concurso
MS-3.1
(Todas as tabelas contêm dados referentes ao período entre janeiro de 2011 e setembro de 2013)
 
Dos 13 professores admitidos por meio de processo de seleção, três já prestaram concurso e foram aprovados em primeiro lugar: o cubano Mario Bernal, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW), primeiro bolsista do PPVE a chegar à Unicamp e também o primeiro a ser contratado; o italiano Stefano Mambretti, que precisou abdicar da posição conquistada na Faculdade de Tecnologia (FT) para tratar de assuntos pessoais em seu país de origem; e o brasileiro Paulo Martins, companheiro de Mambretti na FT, cuja contratação depende apenas da homologação do resultado do concurso pelas instâncias superiores da universidade.
 
2.      Unidades que receberam professores visitantes pelo PPVE
 
Unidade
Professores admitidos pela via convencional
Professores admitidos após concurso
Total
FCM
3
--
3
FT
2
--
2
IA
--
1
1
IB
1
--
1
IEL
1
--
1
IFCH
--
1
1
IFGW
2
1
3
IG
1
1
2
Imecc
3
--
3
IQ
--
3
3
 
13
7
20
 
Com relação aos outros dez professores desse mesmo grupo, cinco ainda estão vinculados ao PPVE: o russo Artem Lopatin, o indiano Dharam Ahluwalia e a brasileira Elizabeth Gasparim, todos do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc); o britânico Philip Macnaghten, do Instituto de Geociências (IG); e o ucraniano com cidadania finlandesa Sergiy Kyrylenko, do Instituto de Biologia (IB). A outra metade deixou o programa sem prestar concurso após o término de suas bolsas: o francês François Artiguenave e a brasileira Laura Moriyama, ambos da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), por opção pessoal; Alan Hazell (cidadão de Trinidad e Tobago), da FCM, e o norte-americano Andrew Nevins, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), porque as unidades anfitriãs não cumpriram o compromisso que haviam assumido; e o russo com cidadania britânica Alexandre Alexandrov, que faleceu antes de completar seu primeiro ano como professor visitante no IFGW, mas deixou uma importante obra póstuma concluída durante sua estada na unidade: o livro Strong-Coupling Theory of High-Temperature Superconductivity, publicado em julho de 2013 pela Cambridge University Press.
 
Mesmo no caso dos professores que por diversos motivos deixaram o PPVE sem prestar concurso, os laços com a Unicamp não foram cortados totalmente. Alan Hazell, por exemplo, saiu do programa em maio de 2013 mas conseguiu uma bolsa da Fundação de Amparo ao Ensino e à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para permanecer na FCM por mais um ano; já Laura Moriyama optou por dar continuidade a algumas de suas atividades na faculdade de forma voluntária.
 
Balanço geral
Embora tenha suspendido temporariamente a admissão de novos bolsistas para fazer alguns ajustes nos moldes do PPVE, a coordenação do programa avalia de forma positiva os resultados obtidos até o momento. “O PPVE busca facilitar a integração de grupos de pesquisa nacionais e internacionais. Essa função tem sido plenamente atendida”, afirma a pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, Gláucia Maria Pastore, coordenadora do programa.
 
3. Perfil dos professores visitantes
 
Perfil
Professores admitidos pela via convencional
Professores admitidos após concurso
Total
Professor Doutor I MS-3.1
5
7
12
Professor Associado I MS-5.1
1
--
1
Professor Titular
MS-6
7
--
7
 
13
7
20
 
As faculdades e institutos que já receberam bolsistas do PPVE e os próprios participantes do programa também têm mais elogios do que críticas à iniciativa. Em um encontro inédito promovido pela PRP em agosto de 2013, a maioria dos diretores de unidade e chefes de departamento presentes destacou a internacionalização do corpo docente e a possibilidade de acolhimento de estrangeiros à espera de autorização para trabalhar no país como as principais contribuições do programa. “Para nós, foi a salvação”, disse na ocasião a chefe do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Emília Pietrafesa, em referência ao caso da portuguesa Susana Durão, aprovada em concurso realizado em outubro de 2012. “Precisávamos da professora e ficamos assustados com os prazos burocráticos para contratação”, acrescentou. Graças ao PPVE, Susana pôde iniciar suas atividades no IFCH em fevereiro de 2013, cinco meses antes da obtenção do visto de trabalho. Os diretores também foram unânimes em apontar a obrigatoriedade da abertura de concurso como ponto mais controverso do programa, uma vez que isso pode interferir no rodízio que os diversos departamentos costumam fazer na hora de utilizar as vagas docentes que a Unicamp atribui anualmente a cada uma de suas unidades.
 
Do lado dos visitantes, houve, basicamente, dois tipos de relato: os professores de origem estrangeira, apesar de se terem dito satisfeitos em morar no Brasil e trabalhar na Unicamp, enumeraram as dificuldades que enfrentaram ao chegar ao país para tirar documentos, abrir conta em banco, alugar imóveis e compreender o funcionamento dos órgãos da universidade; os brasileiros, por sua vez, ressaltaram a importância do PPVE para trazê-los de volta ao Brasil depois de tantos anos no exterior.
 
 
4. Professores visitantes admitidos no PPVE após aprovação em concurso
 
Professor
Unidade
Concurso
Ingresso PPVE
Contratação
Intervalo concurso/contratação
Cátia Ornelas
IQ
Novembro/2012
Janeiro/2013
Agosto/2013
9 meses
Fanny Berón
IFGW
Agosto/2012
Março/2014
Abril/2013
8 meses
Jackson Megiatto
IQ
Outubro/2012
Novembro/2012
Abril/2013
6 meses
Lars Hoefs
IA
Fevereiro/2012
Março/2013
Maio/2013
15 meses
Roberto Greco
IG
Agosto/2011
Maio/2012
Setembro/2012
13 meses
Simon Cämmerer
IQ
Fevereiro/2012
Julho/2012
Junho/2013
16 meses
Susana Durão
IFCH
Outubro/2012
Fevereiro/2013
Julho/2013
9 meses
 
 
A avaliação de quem está saindo
O paranaense Paulo Martins é um dos brasileiros que viram no PPVE uma oportunidade única para retornar ao Brasil. Doutor em ciência da computação pela Universidade de York, na Inglaterra, Martins passou 17 anos no exterior antes de trocar seu emprego de professor associado na Universidade Chaminade, no Havaí, por uma posição temporária na FT, localizada na cidade de Limeira, em outubro de 2011. A prova de que a decisão foi acertada veio dois anos mais tarde, quando a aprovação no concurso para professor doutor o transformou no mais recente caso de sucesso do PPVE. “Sem o programa, não sei se teria conseguido voltar para o Brasil, apesar de essa ser a minha intenção”, diz.
 
Por que o senhor queria voltar para o Brasil?
Basicamente, por motivos familiares. Em 17 anos, visitei três vezes o Brasil e em cada visita passei aqui apenas uma semana. Durante esse período, vivi em sete cidades, seis estados e dois países diferentes. Ao passo que aprendi muito com essas mudanças, achei que estava na hora de me estabelecer mais definitivamente. No exterior, quase não tive oportunidade de manter contato com brasileiros. Isso me alienou bastante da nossa cultura, o que passou a me incomodar.
 
Em que medida o PPVE facilitou seu retorno?
Depois de muitos anos no exterior, o processo de retorno fica cada vez mais difícil. Nos Estados Unidos não existem provas escritas, por exemplo, e o nível de documentação comprobatória exigida de um candidato aqui é muito maior. O PPVE permitiu uma reintegração gradual na universidade brasileira e auxiliou em minha preparação para o concurso público. Não basta apenas ter um currículo bom. É preciso conhecer os detalhes do concurso e estar muito bem preparado para as quatro provas – de títulos, de argumentação, didática e específica. Isso é um processo longo, e o PPVE abriu o caminho para esse trabalho. Conheci a instituição de perto e fiquei mais convencido de que era realmente o que queria. Metaforicamente, o PPVE foi um namoro com a Unicamp, uma fase importante de conhecimento, adaptação e preparação.
 
Antes de saber do PPVE, o senhor cogitava inscrever-se em um concurso convencional da Unicamp ou de outra universidade pública brasileira, mesmo estando no exterior?
Sim, mas as chances de sucesso provavelmente seriam mais reduzidas, ao ponto de eu ter de retornar ao exterior, como já aconteceu com outros brasileiros conhecidos em situações similares. O PPVE foi um catalisador.
 
O que o senhor mais estranhou ao chegar ao Brasil? E quais foram suas primeiras impressões da Unicamp e da FT?
Cheguei ao Brasil no momento em que havia duas greves nacionais, a bancária e a dos Correios. Praticamente todos os meus documentos pessoais já haviam expirado, e tentar colocar tudo isso em dia não foi um “piquenique”. Também me assustei com o custo de vida atual e tive dificuldade para me reacostumar a dirigir nas cidades brasileiras. Experimentei o chamado choque cultural reverso. Tive de me reajustar e de certa forma reaprender muitos costumes. Com relação à Unicamp, fiquei impressionado com o potencial humano, a qualidade dos pesquisadores e a dedicação deles ao ensino e à pesquisa.
 
Como foram seus dois anos como professor visitante na FT?
Foi uma experiência muito enriquecedora pessoal e profissionalmente. O primeiro semestre foi de readaptação. No segundo, consegui pesquisar. No terceiro, fiquei com uma carga horária alta, por isso me dediquei apenas ao ensino. No quarto semestre, fiquei focado no concurso, preparando-me para todos os tipos de prova. Existe uma sinergia muito interessante na FT, aquele espírito de “vamos fazer acontecer”. O mestrado e o doutorado são programas relativamente recentes na unidade. O entusiasmo entre os colegas parece ser contagioso e a atmosfera de trabalho é bastante colegial. Nos primeiros meses, eu acidentalmente escrevia emails em inglês para os colegas do meu grupo de pesquisa, pois já estava condicionado a fazer isso. Curiosamente, quando ia me desculpar, eles insistiam para que eu continuasse escrevendo em inglês. Isso gerou uma pequena cultura interna entre alguns grupos de pesquisa da faculdade, de modo que toda a discussão acadêmica por email passou a ser feita em inglês. O maior benefício para mim é que isso se tornou uma forma de assegurar a manutenção do idioma. É como se eu trouxesse um pouco da minha vida lá no exterior para o campus da Unicamp. 
 
Quais são seus planos e expectativas para depois da contratação?
Meus objetivos são consolidar as linhas e grupos de pesquisa formados, trabalhar para o fortalecimento dos cursos e laboratórios, realizar um pós-doutorado e intensificar as publicações; no curto prazo, pretendo direcionar nossa pesquisa um pouco mais para o nível internacional. Também quero retomar a cooperação com os grupos de pesquisa no exterior. Outro aspecto é tentar converter minha experiência internacional em benefício para a unidade. O fato de ter vivido fora do país por um período prolongado proporcionou-me uma visão crítica da forma como as coisas são conduzidas por aqui. Vivemos numa cultura geral única, não necessariamente melhor ou pior. Acho muito importante ter essa visão crítica e colocá-la para funcionar, para que possamos melhorar no que for possível. Àqueles que já me viram criticar nossas estruturas, quero deixar claro que minha atitude predominante é a de parabenizar e agradecer os esforços incessantes de todos os colegas por terem saído da condição em que estavam e terem chegado aonde chegaram. É preciso antes de tudo reconhecer os progressos que fizemos antes de criticar construtivamente. Tendo dito isso, ainda há muitas coisas por fazer para podermos acompanhar ou quem sabe até superar as instituições do exterior perante os desafios deste novo milênio, de modo que espero poder colaborar de alguma forma nesse sentido também.
 
 
As expectativas de quem está chegando
O ucraniano com cidadania finlandesa Sergiy Kyrylenko estava realizando pesquisas com células-tronco na Universidade Masaryk, na República Tcheca, quando encontrou um anúncio sobre o PPVE no site de empregos da revista Nature, em outubro de 2012. O anúncio pareceu-lhe “suficientemente convincente”, e ele resolveu candidatar-se a uma vaga no programa. Um ano depois, Kyrylenko desembarcou no Brasil já com alguns conhecimentos de português, adquiridos de maneira autoditata, e com certa experiência no trato com a burocracia brasileira, que teve de enfrentar pela primeira vez para obter seu visto temporário, em um processo atipicamente demorado. Apesar de sua disposição para aprender o português, o mais novo bolsista do PPVE também contribuiu, como já havia feito o brasileiro Paulo Martins, para a difusão do uso do inglês em sua unidade anfitriã. Agora, todas as discussões científicas no grupo do professor Alexandre de Oliveira, chefe do departamento que recebeu Kyrylenko, são feitas nesse idioma.
 
Que impressões o senhor teve da Unicamp quando visitou a universidade pela primeira vez, em fevereiro de 2013?
Minhas primeiras impressões me diziam que a Unicamp era um lugar adequado para fazer boa ciência.
 
Por que o senhor decidiu aceitar o convite para ingressar no PPVE?
Minha decisão foi baseada na suposição de que na Unicamp poderei aplicar meu conhecimento em fisiologia de células-tronco no problema da regeneração neuronal.
 
Como tem sido sua vida em Campinas?
Cheguei há apenas dois meses e meio, por isso a maior parte do tempo foi dedicada ao aprendizado intenso do modo de vida daqui. De fato há muitas coisas diferentes no Brasil em comparação com os outros países em que já vivi, o que torna a experiência vibrante e muito interessante. Durante esse período inicial, tive de contar com a enorme assistência de outras pessoas, especialmente do professor Alexandre Oliveira [chefe do Departamento de Biologia Estrutural e Funcional do IB, ao qual Kyrylenko está vinculado]. Em linhas gerais, já posso dizer que gosto muito daqui.
 
Suas expectativas com relação ao trabalho na Unicamp vêm sendo atingidas?
Até o momento, sim. Como já mencionei, esse tem sido apenas um período inicial para eu aprender o básico, portanto é um pouco cedo para esperar uma produção regular de pesquisa. Mas estou realmente ansioso para ter êxito no que planejei e seguir adiante. Como em qualquer lugar, há pontos positivos e negativos. Acredito que os pontos positivos prevalecerão por grande diferença.
 
Quais são seus planos para o future? O senhor pretende prestar concurso para uma posição permanente na Unicamp?
Por enquanto vinculo meu futuro à Unicamp. O futuro mostrará o quão bom e eficiente eu sou para concorrer a uma posição permanente aqui, mas por ora estou satisfeito com meu trabalho e otimista com relação às chances de conduzir projetos de científicos eficientes.